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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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excluídos, é normal que os de cima queiram utilizar a escola para justificar essa<br />

situação. Infelizmente, boa parte do trabalho pedagógico ainda tem tal viés, e isso<br />

vale em especial para os processos de avaliação e progressão dos alunos. As boas<br />

oportunidades, de vida e de trabalho, são poucas no Brasil. É necessário encontrar<br />

uma justificativa plausível para dizer aos pobres por que eles não conseguem<br />

ocupar certas posições. A escola colaborou ativamente com isso por décadas. Ela<br />

fornecia uma espécie de “atestado” para os mais pobres de que eles não tinham<br />

mesmo condições de seguir adiante nos estudos, viviam sendo reprovados, tinham<br />

um desempenho péssimo no rendimento escolar, não sabiam ter comportamentos<br />

adequados em sala de aula etc. Entretanto, de forma corajosa, grupos de professores<br />

e de administradores escolares vêm se esforçando, ao longo de décadas, para<br />

efetivamente mostrar que a escola pode ser um local de aprendizagens e instrumento<br />

de melhoria de vida para os mais pobres, para os excluídos em geral, como<br />

vieram a ser conhecidos nos últimos anos.<br />

Em resumo, o percurso escolar tanto pode marcar o aluno como um incapaz,<br />

herança que ele vai levar para o resto da vida e que será acio<strong>na</strong>da como justificativa<br />

para explicar por que ele não obteve sucesso, como pode servir como instrumento<br />

efetivo para melhoria de vida do aluno, assegurando-lhe possibilidades de superação<br />

da exclusão. Não há uma garantia, a priori, de que as coisas irão se passar<br />

de acordo com um determi<strong>na</strong>do percurso ou outro. E isso depende de uma soma<br />

variável de fatores, entre os quais a família, a rede de apoio do aluno (em termos<br />

de amigos e de serviços que ele pode acessar), as políticas educacio<strong>na</strong>is, a sua autoestima,<br />

o momento político e social que vive o país etc. No meio dessa soma variável,<br />

o que interessa ver de perto neste texto são aqueles fatores que dizem respeito<br />

mais diretamente à formação do professor, ao currículo e à organização do espaço<br />

escolar como um espaço que garanta inclusão e aprendizados efetivos. Pois a escola,<br />

repito, é local fundamentalmente de aprendizagens, embora saibamos que nelas<br />

os alunos e as alu<strong>na</strong>s vivem muitas outras situações, mas elas interessam sempre<br />

segundo a ótica das aprendizagens possíveis.<br />

Uma tarefa fundamental da escola pública brasileira neste momento é<br />

constituir-se como um local que efetivamente possa fazer diferença <strong>na</strong> vida dos<br />

alunos provenientes de situações que acarretavam não-acesso a ela. E para que<br />

isso aconteça com estes alunos, que têm demandas tão diversas, a escola precisa se<br />

organizar-se para conhecer o que são estas diferentes realidades das quais provêm<br />

os alunos, e que antes estavam ausentes do espaço escolar. A escola pública brasileira<br />

necessita livrar-se da si<strong>na</strong> de ser um local de exclusão, o que não é tarefa<br />

fácil, pois ela está marcada fortemente por este si<strong>na</strong>l. E não devemos esquecer<br />

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