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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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quase tudo o que aprendemos a definir como educação nos cursos de formação de<br />

professores/as e também o que se privilegia discutir como objeto específico desse<br />

campo se inclui <strong>na</strong> categoria de processos educativos intencio<strong>na</strong>is (que poderiam,<br />

ainda, ser desdobrados em formais e não-formais). Os processos educativos nãointencio<strong>na</strong>is<br />

têm sido muito pouco (re)conhecidos, visibilizados e problematizados,<br />

a não ser em alguns campos específicos que se ocupam, por exemplo, de<br />

gênero, raça e sexualidade, onde eles assumem uma importância capital, uma vez<br />

que a produção dessas identidades resulta, <strong>na</strong> maioria das vezes, de pedagogias<br />

que envolvem estratégias sutis, refi<strong>na</strong>das e <strong>na</strong>turalizadas, exaustivamente repetidas<br />

e atualizadas que quase não percebemos como tais (MEYER et al., 004).<br />

As pedagogias culturais que são colocadas para funcio<strong>na</strong>r através de artefatos<br />

culturais da mídia contemporânea, dentre outros, têm-se revelado, pois, como processos<br />

educativos potentes quando se trata de instituir relações entre corpo, gênero<br />

e sexualidade. E o corpo feminino é um destes lugares onde uma pedagogia incessante<br />

articula e (re)produz o estímulo constante ao “cuidado de si”, nos termos de<br />

Foucault ( 98 ). Esse cuidado de si pode ser operado <strong>sobre</strong> o corpo como estímulo<br />

decorrente da ação de um outro ou como iniciativa do próprio sujeito.<br />

Algumas dessas relações de poder que constroem corpos femininos – e<br />

que, como contraponto, podem nos desafiar a pensar como se dá a construção<br />

de corpos masculinos <strong>na</strong>s mesmas relações são a<strong>na</strong>lisadas por Sandra Andrade<br />

( 00 ) tomando como referência a revista Boa Forma. A autora descreve o corpo<br />

que a revista apresenta como ideal e desejável que pode, desde a perspectiva da<br />

Boa Forma, ser modelado, transformado, adaptado e projetado através da minuciosa<br />

execução dos diversos programas de emagrecimento e remodelagem que,<br />

nela, são assumidos e colocados em circulação. As leitoras são incentivadas a escrever<br />

<strong>sobre</strong> suas experiências, focando tanto suas dificuldades quanto, <strong>sobre</strong>tudo,<br />

suas vitórias que são, via de regra, temperadas por uma força de vontade férrea:<br />

perder no mínimo uma meia dúzia de quilos num curto período de tempo<br />

e, com muita dedicação, seguir a dieta de restrição calórica, fazer os exercícios<br />

físicos e modificar o contorno de seu corpo com determi<strong>na</strong>ção e garra, de modo<br />

que sua história seja capaz de emocio<strong>na</strong>r e interpelar leitoras para seguirem o<br />

programa no próximo ano.<br />

Pesquisas como esta ajudam-nos a perceber que o corpo magro, malhado,<br />

saudável, jovem e bonito funcio<strong>na</strong> <strong>na</strong> atualidade como um imperativo e um objetivo<br />

de vida que pode produzir, ao mesmo tempo, prazer, liberdade, aumento<br />

da auto-estima, contenção e uma eter<strong>na</strong> insatisfação consigo mesmo; e que isto,<br />

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