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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Mas os livros dos quais estou falando agora não são assim. Há uma preocupação<br />

politicamente correta de incentivar nos/as leitores/as uma real apreensão<br />

dos problemas enfrentados por aqueles/as considerados/as “diferentes” e, conseqüentemente,<br />

um estímulo a uma real aceitação dessas diferenças.<br />

Há um livro de Georgi<strong>na</strong> Martins chamado O menino que brincava de ser.<br />

Este livro não trata diretamente da questão da orientação sexual, mas de gênero.<br />

O perso<strong>na</strong>gem principal é Dudu, um menino que gostava de vestir fantasias femini<strong>na</strong>s<br />

<strong>na</strong>s brincadeiras. Ele era a princesa, ou a fada, ou a bruxa. O grande conflito<br />

criado é com o pai, que não aceita essa maneira de ser do filho, já que isso poderia<br />

ser uma demonstração de que ele seria homossexual. Ao longo do texto essa idéia<br />

vai sendo reforçada, pois o menino se dispõe a passar debaixo de um arco-íris para<br />

se transformar em meni<strong>na</strong> e poder se vestir como quiser, mas ao mesmo tempo<br />

conquistar o amor, a aceitação do pai.<br />

No fi<strong>na</strong>l da história, contudo, a idéia é desconstruída, quando ele decide<br />

que será ator, pois assim poderá se vestir como quiser sem precisar se transformar<br />

em meni<strong>na</strong>.<br />

Este texto foi aclamado como um “livro gay para crianças” pois, embora o<br />

perso<strong>na</strong>gem principal continue sendo menino e não exista nenhuma indicação se ele<br />

será ou não homossexual (e isso não é relevante <strong>na</strong> história), há um claro forçamento<br />

dos limites da questão da identidade de gênero em uma história voltada para crianças.<br />

O texto passa a mensagem da importância da aceitação das pessoas como elas<br />

são, independente do seu comportamento. O menino estava disposto a mudar o seu<br />

corpo biológico ape<strong>na</strong>s para ter a aceitação do pai e se sentia angustiado por isso.<br />

Infelizmente, devido aos três fatores apontados por Rick Santos ( 997), cristalizados<br />

<strong>na</strong> nossa sociedade, ainda são muito poucos os livros voltados para o público<br />

juvenil e, principalmente o infantil, que tratem da questão da orientação sexual.<br />

Em novembro de 004, proferi palestra no CCBB de São Paulo direcio<strong>na</strong>da<br />

a professores/as de escolas do município e do estado. O tema era “Sexo, literatura e<br />

subliteratura – pornografia e erotismo”. Ao fi<strong>na</strong>l da palestra, falei <strong>sobre</strong> a minha pesquisa<br />

de doutorado e a minha dissertação de mestrado, <strong>na</strong>s quais tratei da literatura<br />

lésbica contemporânea que intenta fornecer um “modelo positivo de identificação”<br />

para as lésbicas. Confesso ter ficado impressio<strong>na</strong>da com a quantidade de professores/<br />

as que relataram não ter referências nem o menor conhecimento de obras literárias<br />

que abordassem positivamente as questões das “diferenças”. Afirmaram ainda a satisfação<br />

de estarem tendo, <strong>na</strong>quele momento, contato com a minha pesquisa, já que por<br />

várias vezes tinham querido trabalhar este tipo de texto com seus/suas alunos/as.<br />

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