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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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mulheres homossexuais. A invisibilidade lésbica (mais do que a femini<strong>na</strong> em geral)<br />

foi construída ao longo da História (e <strong>na</strong> historiografia), nos discursos <strong>sobre</strong> a sexualidade,<br />

a homossexualidade, a militância 44 e a diversidade em geral. Vetores discrimi<strong>na</strong>tórios<br />

que operam no mundo social contra as mulheres em geral acirram-se<br />

no caso das mulheres lésbicas (e ainda mais se forem lésbicas pertencentes a outras<br />

“minorias”, produzindo em turbilhão de vulnerabilidades). 4<br />

32<br />

É preciso perceber que, em relação à lesbianidade, está se tor<strong>na</strong>ndo<br />

mais aceito socialmente o tipo de par que reúne mulheres<br />

brancas, “casadas” (em relação estável), “femini<strong>na</strong>s” e sem<br />

disparidade de classe ou geração, ou seja, mais próximas aos tipos<br />

socialmente valorados (BORGES, 00 : ). 4<br />

O cerceamento do campo das possibilidades legítimas de expressão de uma<br />

identidade sexual não inteiramente sintonizada com a heteronormatividade também<br />

implica a invisibilidade e a difícil inclusão das pessoas bissexuais no campo das<br />

reivindicações de direitos civis.<br />

Nesse caso, as tensões oriundas da construção de uma identidade fronteiriça<br />

(comumente estigmatizada entre as figuras do “libertino”, do “indeciso” ou do “enrustido”),<br />

conduzem muitas pessoas bissexuais a operações em que alter<strong>na</strong>m constantemente<br />

o que tor<strong>na</strong>r visível ou invisível (SEFFNER, 004: 97). Isso, porém,<br />

não significa que ape<strong>na</strong>s bissexuais adotem (conscientemente ou não) práticas de<br />

visibilização ou de invisibilização estratégica. Afi<strong>na</strong>l, é acaciano lembrar que todas<br />

as pessoas vivem processos ao longo dos quais se tensio<strong>na</strong>m o público e o privado.<br />

É preciso notar que o bi<strong>na</strong>rismo e o essencialismo produzem, em relação às<br />

pessoas bissexuais, dois fenômenos contraditórios e complementares. De um lado,<br />

há pessoas que, ao dividirem os contingentes humanos em “gays ou héteros”, de-<br />

44 A invisibilidade lésbicas materializa-se ainda “tanto no menor número de estudos e pesquisas <strong>sobre</strong> a<br />

vivência lésbica – quando comparados aos estudos <strong>sobre</strong> homossexualidade masculi<strong>na</strong> – quanto no maior<br />

número de homens com visibilidade social e militância homossexual ostensivas” (MELLO, 2005: 201). Vide:<br />

ALMEIDA, 2005; MUNIZ, 1992; PORTINARI, 1989; RICH, 1994; SWAIN, 2000.<br />

45 O que se diz, por ex., acerca das lésbicas negras? Quais representações circulam <strong>sobre</strong> judias, muçulma<strong>na</strong>s<br />

ou chinesas lésbicas? São distintas as economias de visibilidade, em face da racialização da sexualidade<br />

do outro.<br />

46 Sobre as lésbicas “mais masculinizadas”, diz Almeida (2005: 166): “As ‘fanchas’ [...] [têm] cada vez menor<br />

lugar no cenário das novas exigências colocadas às lésbicas. [...] Embora ela possa curiosamente [conservar<br />

um] lugar substantivo <strong>na</strong> cultura sexual das lésbicas, [...] ela é mal-vinda, especialmente <strong>na</strong>s camadas<br />

médias, para o estabelecimento de relações duradouras e públicas. Isso ocorre tanto por rejeição<br />

estética das próprias parceiras, quanto por traduzir mais visivelmente o risco de relações assimétricas,<br />

ou ainda, por restringir as possibilidades de manipulação do estigma [...], [por meio] de estratégias de<br />

ocultamento do vínculo”.

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