18.08.2013 Views

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

até o casamento carecem de encontrar <strong>na</strong> escola um espaço onde possam dizer isto<br />

sem sentir vergonha, e necessitam entender que outras alu<strong>na</strong>s podem não querer fazer<br />

o mesmo, e que as duas opções são válidas e trazem conseqüências importantes<br />

para a trajetória de vida das pessoas.<br />

O que precisa ficar claro para toda a comunidade escolar é que a escola pública<br />

é, como o próprio nome diz, um espaço público. Local de aprendizagem e<br />

de negociação das diferenças. Não existem pessoas menos ou mais merecedoras<br />

de estar <strong>na</strong> escola e nela estudar. Todos merecem estudar. É claro que a escola tem<br />

seu regimento e uma determi<strong>na</strong>da organização do espaço e do regime das aprendizagens.<br />

Mas temos que cuidar para não organizar as coisas de tal maneira que<br />

excluamos justamente aqueles que mais precisam dos conhecimentos escolares para<br />

melhorar de vida. As razões alegadas pela escola para barrar alunos gueis, alu<strong>na</strong>s<br />

lésbicas e jovens travestis são muitas vezes ape<strong>na</strong>s a demonstração de preconceitos<br />

antigos em relação às sexualidades ditas “desviantes”. Muitos estudos e pesquisas<br />

acerca da epidemia de aids, por exemplo, mostram que a vulnerabilidade à doença<br />

está <strong>na</strong> razão direta da falta de escolaridade (AYRES, 997). Isto significa que<br />

quem estuda mais, permanecendo mais tempo <strong>na</strong> escola, diminui sua chance de se<br />

infectar pelo HIV. O mesmo raciocínio vale para o tabagismo e para o alcoolismo:<br />

os menores índices de abuso de fumo e de álcool estão em geral associados a níveis<br />

mais elevados de educação escolar. Dessa forma, a permanência da criança e do<br />

adolescente <strong>na</strong> escola deve ser vista como prioridade absoluta. Nossa tarefa é então<br />

criar verdadeiras condições de acesso à escola e de acolhida e permanência nela,<br />

caracterizando a verdadeira inclusão.<br />

Para concluir este item e passar ao seguinte, no qual vou apresentar algumas<br />

sugestões de ação, cabe ainda refletir <strong>sobre</strong> questão posta logo ao início: não estaremos,<br />

muitas vezes, produzindo uma exclusão <strong>na</strong> inclusão? Para explicar melhor, estabeleço<br />

a diferença entre acesso e inclusão. Para muita gente, o que se deve oferecer<br />

aos excluídos é simplesmente o acesso à educação, ou seja, garantir uma vaga <strong>na</strong> sala<br />

de aula. Exemplifico com os alunos negros, tradicio<strong>na</strong>lmente os mais prejudicados<br />

em número pela exclusão escolar. Em certos discursos de autoridades educacio<strong>na</strong>is<br />

o que verificamos hoje em dia é uma postura autoritária, cujo raciocínio, em termos<br />

mais diretos, é do tipo: “Você aluno negro agora vai receber uma vaga <strong>na</strong> sala de<br />

aula, para estudar. Mas vamos fazê-lo estudar os assuntos e obedecer às regras que<br />

tradicio<strong>na</strong>lmente temos aqui <strong>na</strong> escola. Não pense que a sua entrada <strong>na</strong> sala de aula<br />

vai implicar que discutamos questões ligadas a racismo, a preconceito e à escravidão.<br />

Seguiremos estudando o que sempre estudamos, e você que se vire, agradeça por ter<br />

uma vaga, fique quieto e aprenda”.<br />

133

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!