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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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diversas linhas e os traços que compõem modos específicos e singulares (ao mesmo<br />

tempo plurais) de ser. 4<br />

O uso das identidades sexuais e de gêneros no plural propõe, entre outras coisas,<br />

que existem muitos modos de ser TTTs no mundo, e que ganham mais especificidades<br />

quando correlacio<strong>na</strong>dos com outras categorias de análise histórica: classe social,<br />

raça/etnia, gêneros, orientação sexual, relações intergeracio<strong>na</strong>is, estética física etc.<br />

Dito isso, gostaria de pontuar um terceiro apontamento: o da violência estrutural<br />

<strong>sobre</strong> a comunidade TTTs.<br />

A inserção de uma pessoa em um contexto social pressupõe que ela deva<br />

incorporar ou lidar com modos de ser, agir e ver relativos a valores, representações,<br />

imagens, signos, significados etc. Logo, implica processos de subjetivação marcadamente<br />

organizados pela matriz heterossexual (processos de subjetivação heterossexista<br />

– heteronormativa), com modelos rígidos dos gêneros, organizados através de<br />

relações de saberes e poderes centrados no patriarcalismo e <strong>na</strong> heterossexualidade<br />

compulsória. A ordem está dada: todos deverão ter claro o que é ser homem e ser<br />

mulher, todos deverão ser heterossexuais, constituir família, ter filhos, netos... E se<br />

por esta razão estiver para morrer de tédio ou angústia, a ordem é a de buscar as<br />

razões disso <strong>na</strong>queles que descumprem as normas.<br />

Os processos de normatização pretendem constituir identidades fixas e rígidas<br />

centradas <strong>na</strong>s premissas da heteronormatividade. Com isso, as pessoas que sentem desejo<br />

e amam pessoas do mesmo sexo passam a ter enormes dificuldades para conseguir<br />

tranqüilidade e clareza, indispensáveis para uma formação e uma socialização menos<br />

atormentadas e uma homossociabilidade mais sere<strong>na</strong> e saudável. A partir do momento<br />

em que uma criança ou um/a adolescente percebe que tem desejos e vontades que<br />

diferem das de seus colegas de mesmo gênero, tende a retrair-se e a distanciar-se do<br />

mundo, dando início à interiorização de uma homofobia que poderá ter como má<br />

companheira durante toda a sua vida. A esse respeito, Mari<strong>na</strong> Castañeda afirma:<br />

A homofobia interiorizada não tem fim: ela ressurge, <strong>sobre</strong> diferentes<br />

formas, ao longo do ciclo vital. Complica a percepção<br />

que o homossexual tem de si mesmo e dos outros; colore todas<br />

as suas relações interpessoais assim como o seu projeto de<br />

vida e sua visão de mundo. Constitui provavelmente a diferença<br />

subjetiva mais importante entre homossexuais e heterossexuais.<br />

4 Ademais, aprendemos com Foucault que ninguém pode ser tomado como modelo para comparação com<br />

outra pessoa. É preciso problematizar a respeito dos componentes de subjetivação que constituem esse<br />

modo de ser, ou ainda, para continuar <strong>na</strong> cumplicidade com Foucault, que componentes contribuem para<br />

a construção de uma estilística da existência.<br />

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