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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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mo, ficariam confi<strong>na</strong>das em atividades “promotoras da diversidade” cujo foco é prevenir<br />

DST e Aids entre profissio<strong>na</strong>is do sexo? Gays e lésbicas talvez contem com a uma<br />

exígua margem de vantagem. Mas dificilmente algo mais do que isso.<br />

Além disso, reconhecer ape<strong>na</strong>s o que se pretende fixo, estável, bem delimitado<br />

(e ainda pior: “<strong>na</strong>tural”) comporta excluir ou margi<strong>na</strong>lizar o que é dinâmico,<br />

inovador, inédito e assumidamante construído ou fronteiriço. Tende também a beneficiar<br />

ape<strong>na</strong>s certos membros do grupo considerado. Estes, por sua vez, erigidos<br />

à condição de porta-vozes e interlocutores privilegiados, serão levados a se dissociarem<br />

mais e mais das pulsantes experiências do conjunto múltiplo e dinâmico do<br />

grupo que antes julgavam representar. Não surpreende, portanto, que no campo da<br />

educação (entre outros), tal visão multiculturalista tenha encontrado tantos adeptos.<br />

Afi<strong>na</strong>l, a lógica que aí prevalece é a da reprodução e não a da transformação social.<br />

Por outro verso, a promoção, <strong>na</strong> educação, do reconhecimento da diversidade<br />

e da pluralidade e fluidez do universo identitário, dos corpos e da sexualidade requer<br />

empenho permanente para a reunião de condições sociais, políticas, culturais<br />

e econômicas que a tornem possível. Condições essas todas associadas, entre outras<br />

coisas, à democratização do Estado (e à sua laicização), à construção de uma esfera<br />

pública e à conquista de autonomia do campo escolar em relação a outros espaços<br />

sociais, com os quais a escola mantém estreitas relações de conflito e concorrência,<br />

dentre eles, a família . Além disso, de acordo com Boaventura de Sousa Santos<br />

( 00 b: 9-8 ), para que essa democratização seja efetiva e completa, deveremos<br />

alcançar, de maneira capilar, os interstícios dos espaços sociais, transformar o padrão<br />

das relações sociais e o conjunto das práticas sociais, a partir saberes e valores orientados<br />

e vinculados com a tessitura de uma emancipação social intransigente.<br />

Nessa mesma direção, Re<strong>na</strong>to Janine Ribeiro ( 000b) defende que é preciso<br />

desenvolver a idéia de que a democracia não é só um regime político, pois, para ser<br />

consolidada, o mundo dos afetos também deve ser democratizado.<br />

É preciso democratizar o amor [...]; a amizade; o contato com o<br />

desconhecido [...]. A democracia só vai se consolidar [...] quando<br />

passar das instituições eleitorais para a vida cotidia<strong>na</strong>. É claro que<br />

162 Sobre a exclusão educacio<strong>na</strong>l de travestis e transexuais, vide artigo de Wiliam Siqueira Peres,<br />

neste volume.<br />

163 No caso da opressão de cunho homobófico (mas não ape<strong>na</strong>s aí) é realmente importante cuidar para<br />

que a escola não reproduza ou amplie situações de desamparo e hostilidade a que muitos/as jovens<br />

homossexuais estão submetidos/as em seus ambientes familiares. Ao mesmo tempo, é preciso lembrar<br />

que, pode se também verificar o contrário: muitos/as jovens homossexuais, bissexuais, travestis ou<br />

transexuais encontram solidariedade familiar, mas não no ambiente escolar. Para uma reflexão <strong>sobre</strong> a<br />

relação entre famílias homoparentais e escola, vide artigo de Miriam Grossi, An<strong>na</strong> Paula Uziel e Luiz<br />

Mello, neste volume.<br />

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