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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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lidade (é conferir os seus textos em que o assunto aparece...) deixaram para sempre<br />

um legado de ambigüidades e preconceitos, marcando profundamente o imaginário<br />

de nossas sociedades moder<strong>na</strong>s e o espírito daqueles que, <strong>na</strong>s psicologias, ao que<br />

parece, não perceberam que estão diante tão somente de um modelo teórico e não da<br />

verdade ple<strong>na</strong> e objetiva <strong>sobre</strong> um pretendido fenômeno investigado.<br />

Mas, deve-se saber, as sociedades ocidentais foram as primeiras que, <strong>na</strong> modernidade,<br />

constituíram a homossexualidade num problema clínico e os homossexuais<br />

em sujeitos clínicos – para o que grandemente contribuíram a psicologia e a<br />

psicanálise. Fato que se inscreve <strong>na</strong> realidade mais ampla da criação do que Michel<br />

Foucault chamou de “dispositivo de sexualidade” (FOUCAULT, 98 ). Segundo o<br />

autor, o que denomi<strong>na</strong>mos sexualidade é um produto histórico de um discurso <strong>sobre</strong><br />

a sexualidade que se engendrou de muitas formas, uma invenção histórica tardia,<br />

data do século XIX. É desse período a criação histórica européia de uma experiência<br />

social pela qual “os indivíduos são levados a reconhecer-se como sujeitos de uma<br />

‘sexualidade’, que abre para campos de conhecimentos bastante diversos, e que se<br />

articula num sistema de regras e coerções” (FOUCAULT, 984: 0). Isto é, a idéia<br />

da sexualidade como uma substância em si (objeto <strong>na</strong>tural e universal) e a existência<br />

de toda uma “produção especulativa”, de um “hiperdesenvolvimento do discurso<br />

<strong>sobre</strong> a sexualidade” (idem, 004: 8- 9) são invenções sociais que, no século XIX,<br />

articulam-se a engenhos de saber e poder em suas relações também apontadas pelo<br />

autor (idem, 977; 979). Nossa reflexão <strong>sobre</strong> a homossexualidade insere-se nessa<br />

linha de compreensão da sexualidade conforme apontada por Michel Foucault.<br />

Autor que, fazendo sua “história da sexualidade”, indicou igualmente o trabalho<br />

a se escrever <strong>sobre</strong> a imagem-tipo desqualificadora do homossexual produzida <strong>na</strong><br />

história do Ocidente, desde os gregos (FOUCAULT, 984: ).<br />

Em todo caso, sugerir que a gênese da homossexualidade releva uma “tipicidade”<br />

<strong>na</strong> escolha de objeto por ser representada como contrária à pretendida normalidade<br />

ou, como ainda querem alguns, não conforme à <strong>na</strong>tureza da divisão sexual,<br />

não é mais do que deixar o preconceito falar, mesmo considerando a boa intenção<br />

científica ou moral. Em geral, curiosas doutri<strong>na</strong>s (médicas, psicológicas, religiosas)<br />

<strong>sobre</strong> a sexualidade huma<strong>na</strong> são invocadas para “explicar” a homossexualidade em<br />

homens e mulheres. Porém, não se tratando mais do que de preconceito em forma<br />

de teoria e ciência, as conclusões dessas doutri<strong>na</strong>s são não ape<strong>na</strong>s arbitrárias: os<br />

“dados” <strong>sobre</strong> os quais se apóiam são questionáveis ou inexistentes. No caso das<br />

psicologias, teóricos que, confundindo casos clínicos individuais com supostas leis<br />

gerais de “estrutura”, mas arvorando-se à condição de poder teorizar <strong>sobre</strong> a homossexualidade,<br />

praticam generalizações errôneas e profundamente preconceituosas.<br />

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