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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Sobre esta discussão, que inclui os temas normalidade, desvio e variações sexuais,<br />

cito Robert Stoller ( 998), que apresenta idéias interessantes. Para ele, o cerne<br />

das perversões é a transgressão; a atividade perversa está diretamente relacio<strong>na</strong>da à<br />

excitação erótica e, ao classificarmos essas práticas, enfatizamos que seu lado erótico<br />

seria anormal, longe dos domínios da normalidade. Diz o autor:<br />

Pode ser difícil estudar as perversões, em parte porque os casos<br />

repulsivos nos cegam para as sutilezas subjacentes. Se você é como<br />

eu era, você fica tão chocado pelo absurdo e monstruosidade do<br />

comportamento que pára de pensar, acomodado com a perversão<br />

em seu sentido acusatório. Você não precisa de explicação: “Ele<br />

deve ser louco” ou “isso é anti<strong>na</strong>tural” (STOLLER, 998: ).<br />

Ocorre, porém, que ao lado das classificações presentes nos compêndios científicos,<br />

vários profissio<strong>na</strong>is da área da Psicologia) têm também trabalhado irrefletidamente,<br />

tomando como fundamento concepções pessoais que correspondem aos<br />

padrões de normalidade vigentes. Compreendo que essa postura é decorrente da<br />

história de educação sexual desses profissio<strong>na</strong>is, mas essa educação resulta em um<br />

conjunto de valores pessoais que não poderiam, em hipótese alguma, ser generalizados<br />

aos demais. Há todo um aparato técnico, filosófico e científico que embasa<br />

nossas práticas <strong>sobre</strong> a sexualidade huma<strong>na</strong>, mas há também uma necessidade premente<br />

de reconhecer que a ciência é um modelo histórico e social, e que a literatura<br />

<strong>sobre</strong> esse tema não deveria apresentar, de modo algum, padrões irrefletidos de normalidade<br />

para a conduta sexual huma<strong>na</strong>.<br />

Existe, dessa forma, um modelo de normalidade, presente tanto <strong>na</strong>s concepções<br />

pessoais quanto <strong>na</strong>s argumentações científicas, mas não podemos nos furtar<br />

de refletir <strong>sobre</strong> essa questão, correndo o risco de reproduzir a repressão sexual que<br />

impede àqueles considerados anormais de usufruirem a própria sexualidade. Sobretudo,<br />

deve se considerar que as concepções <strong>sobre</strong> a normalidade em sexualidade<br />

só podem ser compreendidas, como nos lembra Nelson Vitiello ( 99 ), a partir de<br />

uma determi<strong>na</strong>da época e meio sociocultural.<br />

Para além dos discursos da psicologia, podemos pensar <strong>na</strong> população leiga.<br />

No senso comum, e quando digo isso penso principalmente nos meios de<br />

comunicação de massas, como a televisão, revistas impressas, internet, rádio ou<br />

discursos cotidianos, a idéia de normalidade em sexualidade nos parece explícita e<br />

clara. Pelo menos assim parece quando ocorrem a discrimi<strong>na</strong>ção e o preconceito<br />

em relação às chamadas “minorias”.<br />

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