18.08.2013 Views

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

território ilumi<strong>na</strong>do, mas como uma das mais ricas dimensões de cultura a serviço<br />

da educação do homem” (ibid.).<br />

Para ele, a “literatura permanece como a grande reserva de cultura, percebida<br />

como ideal de formação huma<strong>na</strong> – a nossa paidéia [...] Ao reconhecer o papel<br />

de destaque do ensino da língua e da literatura, os/as legisladores/as da educação<br />

evocam a idéia de que <strong>sobre</strong>tudo a literatura tem a ‘missão’ de civilizar o homem <strong>na</strong><br />

medida em que vai insinuando melhores formas de vida” (ibid.: ).<br />

Quando falamos em “melhores formas de vida” devemos tomar cuidado,<br />

pois aí verificamos a delicada questão das ideologias que permeiam os textos literários.<br />

Definitivamente o conceito de “melhor forma de vida” é subjetivo e variável<br />

de um/a autor/a para outro/a. Por outro lado, podemos perceber claramente<br />

que os textos literários lidos <strong>na</strong>s escolas pelas nossas crianças e por adolescentes<br />

têm seus conceitos invariavelmente baseados <strong>na</strong> ideologia domi<strong>na</strong>nte da sociedade<br />

hetero-patriarcal-falocêntrica.<br />

Acabamos em um impasse: não adianta ouvir a afirmação de alguns/algumas<br />

educadores/as e críticos/as literários/as que dizem que a literatura não deve<br />

ser portadora de nenhum tipo de ideologia, pois esta é uma idéia totalmente infundada.<br />

Gonçalves Filho diz:<br />

328<br />

Já nos advertia Max Weber em algum lugar de sua obra que a<br />

pretensão de que o conhecimento deve ser “isento de valores” é,<br />

em si, um juízo de valor. [...] Não existe [...] <strong>na</strong> literatura um<br />

conteúdo descritivo neutro. Todo nosso discurso ou desig<strong>na</strong>ção<br />

emerge sempre de esquemas argumentativos quer ocultos, quer<br />

explícitos. Nossa linguagem oral ou escrita não sonoriza e escreve<br />

por si mesma, mas se sustenta a partir dos sentidos auferidos<br />

por uma rede de mecanismos discursivos repletos de valores<br />

e de crenças. É por isso que a literatura, sem ter a pretensão de<br />

nos ensi<strong>na</strong>r alguma coisa, acaba por nos ensi<strong>na</strong>r muito mais.<br />

Esse “ensino” pode nos levar à sabedoria ou à loucura, ajudar o<br />

homem em seu processo civilizatório em oposição à barbárie ou<br />

“estetizar” essa barbárie, mas é sempre um ensino. E isso porque<br />

a realidade de onde emerge a literatura não é uma realidade<br />

especial – é a mesma realidade que toma conta de nós indiretamente,<br />

diferenciada ape<strong>na</strong>s pelas múltiplas maneiras como é<br />

vista. E essa realidade não é, para todos nós, a própria coisa em<br />

si, mas é sempre o já simbolizado, construído e reconhecido por<br />

mecanismos simbólicos (ibid.: 90).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!