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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Tecendo breves considerações <strong>sobre</strong><br />

homossexualidade<br />

O corpo das pessoas que se relacio<strong>na</strong>m afetivo-sexualmente com aquelas do<br />

mesmo sexo foi histórica e socialmente investido de conhecimento e significados.<br />

Nos últimos séculos, compondo um grupo nomeado como “fora da norma”, por um<br />

dispositivo de sexualidade, essas pessoas passaram a ter coladas em si mesmas – e<br />

também inscritas em si – as mais variadas nomeações, como “invertidos”, “uranistas”,<br />

“bichas”, “lésbicas”, “entendidos”, “homossexuais”, dentre outras.<br />

As nomeações contemporâneas constituem modos de ser, de vivenciar comportamentos,<br />

sentimentos, prazeres: posições-de-sujeito (FERNANDES, 007).<br />

Estas identificações emergiram, em parte, da instituição médica, constituindo no<br />

século XIX 4 um saber científico, com status de verdade, <strong>sobre</strong> a homossexualidade.<br />

Segundo Tambin Spargo, “o homossexual entrou <strong>na</strong> patologia como uma<br />

classe perversa ou anômala […] uma aberração à norma heterossexual” ( 004:<br />

). Foucault sintetiza essa diferenciação entre o comportamento sodomita e a<br />

identidade homossexual, afirmando que:<br />

[...] a sodomia – a dos antigos direitos civil ou canônico – era<br />

um tipo de ato interdito e o autor não passava de seu sujeito<br />

jurídico. O homossexual do século XIX tor<strong>na</strong>-se um perso<strong>na</strong>gem:<br />

um passado, uma história, uma infância, um caráter, uma<br />

forma de vida; também é morfologia, com uma a<strong>na</strong>tomia indiscreta<br />

e, talvez, uma fisiologia misteriosa. Nada daquilo que ele<br />

é, no fim das contas, escapa à sua sexualidade. Ela está presente<br />

nele todo: subjacente a todas as suas condutas, já que ela é o<br />

princípio insidioso e infinitamente ativo das mesmas; inscrita<br />

sem pudor <strong>na</strong> sua face e no seu corpo já que é um segredo<br />

que se trai sempre. É-lhe consubstancial, não tanto como pecado<br />

habitual porém como <strong>na</strong>tureza singular. É necessário não<br />

esquecer que a categoria psicológica, psiquiátrica e médica da<br />

homossexualidade constitui-se no dia em que foi caracterizada<br />

[...] menos como um tipo de relações sexuais do que como<br />

uma certa qualidade da sensibilidade sexual, uma certa maneira<br />

de inverter, em si mesmo, o masculino e o feminino. A homossexualidade<br />

apareceu como uma das figuras da sexualidade<br />

quando foi transferida, da prática da sodomia, para uma espécie<br />

4 Principalmente com a constituição dos termos uranista e homossexual. No dicionário, uranista seria a “pessoa<br />

que tem a perversão do uranismo” (BUENO, 1983: 1.169), sendo o uranismo a “inversão do desejo<br />

sexual, homossexualidade; perversão do sexo” (id., ibid.). Em Fry e MacRae (1984: 62), encontramos que a<br />

palavra homossexual “foi usada pela primeira vez em 1869 por um médico húngaro, Karoly Maria Benkert”.<br />

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