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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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3. A sexualidade e as deficiências<br />

Pensemos então <strong>na</strong> pessoa com deficiência mental e/ou com deficiência física,<br />

considerando a amplitude das manifestações destas deficiências. Há ainda uma grande<br />

ignorância <strong>sobre</strong> o assunto, pois muitas pessoas compreendem que qualquer sujeito<br />

com deficiência tem uma sexualidade patológica. A idéia – distorcida – de que há uma<br />

sexualidade atípica para todas as pessoas com deficiência decorre de um preconceito,<br />

da falta de informação daqueles que lidam com indivíduos deficientes e da generalização<br />

de uma possível limitação específica para toda a vida da pessoa em questâo,<br />

portanto, também para a vida sexual (AMOR PAN, 00 ; GLAT, 99 ; GLAT e<br />

FREITAS, 99 ; MAIA, 00 e 00 ; PINEL, 999; SALIMENE, 99 ).<br />

O pressuposto errôneo pode ser resumido <strong>na</strong> seguinte questão: se determi<strong>na</strong>dos<br />

problemas são identificados no corpo físico como um estigma e tais problemas<br />

são generalizados, afetarão também a manifestação da vida sexual e da vivência da<br />

sexualidade dessas pessoas. Esse é o grande equívoco preconceituoso que coloca em<br />

destaque a sexualidade e as deficiências. Defendo, de antemão, que toda pessoa é<br />

íntegra <strong>na</strong> sua sexualidade, qualquer que seja a ocorrência de deficiências (sensoriais,<br />

físicas e mentais) e as especificidades relacio<strong>na</strong>das a tais condições.<br />

Além disso, é preciso considerar que em todos esses casos há diferentes graus<br />

e potencialidades que não podem, a priori, ser considerados nem previstos; todo o<br />

desenvolvimento necessariamente depende da interação do organismo com o meio<br />

social em que ele se desenvolve, ou seja, não podemos prever quaisquer manifestações<br />

<strong>sobre</strong> a sexualidade em função de alguma deficiência sem considerar as condições<br />

de aprendizado e desenvolvimento desse sujeito.<br />

No caso da deficiência mental, desde o estudo clássico de Alain Giami e Claude<br />

Revault D’Allonnes ( 984), a literatura inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e os estudos recentes no Brasil<br />

têm reafirmado que a crença em uma sexualidade atípica projeta para os deficientes<br />

ou a imagem de uma sexualidade ausente, isto é, o mito da assexualidade, ou de<br />

uma sexualidade exagerada, isto é, o mito da hipersexualidade (AMOR PAN, 00 ;<br />

GHERPELLI, 99 ; MAIA, 00 e 00 ; PINEL, 999; TANG e LEE, 999).<br />

Nas instituições educacio<strong>na</strong>is e de reabilitação, encontramos no discurso dos<br />

profissio<strong>na</strong>is e dos pais a idéia de uma sexualidade exagerada, “exacerbada”, decorrente<br />

da observação (num ambiente de socialização intenso e, muitas vezes, segre-<br />

5 Na literatura, são escassos os estudos <strong>sobre</strong> a sexualidade e as deficiências sensoriais, como a auditiva<br />

e a visual, até porque estas deficiências não se relacio<strong>na</strong>m diretamente com a resposta sexual; porém, o<br />

argumento é o mesmo <strong>sobre</strong> as implicações psicossociais relacio<strong>na</strong>das a qualquer deficiência. Já discuti<br />

este tema em outros textos e oportunidades (por exemplo: MAIA, 2006). Nessa ocasião, no entanto, optei<br />

por discorrer ape<strong>na</strong>s <strong>sobre</strong> a deficiência mental e física.<br />

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