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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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o reconhecimento da diversidade sexual e da pluralidade de identidade de gênero,<br />

garantindo e promovendo a cidadania de todos/as. 8<br />

Ao envolver autoridades, profissio<strong>na</strong>is da educação, membros da comunidade<br />

escolar e da sociedade em geral em esforços de desestabilização da homofobia, também<br />

será necessário não esquecer que o poder e as instituições (entre elas, a escola)<br />

funcio<strong>na</strong>m produtivamente em termos de interdições e de estímulos. 9 A repressão<br />

sexual (enquanto prática institucio<strong>na</strong>l, da qual a homofobia é uma de suas expressões,<br />

embora a transcenda) opera não só pelo conjunto explícito de interdições, censuras<br />

ou por um código negativo e excludente, mas se efetiva, <strong>sobre</strong>tudo, por meio<br />

de discursos, idéias, representações, práticas e instituições que definem e regulam o<br />

permitido, distinguindo o legítimo do ilegítimo, o dizível do indizível, delimitando,<br />

construindo e hierarquizando seus campos. 0<br />

Guacira Lopes Louro observa que, embora não se possa atribuir à escola o<br />

poder e a responsabilidade de explicar identidades sociais ou de determiná-las de<br />

forma definitiva, é necessário reconhecer que “suas proposições, suas imposições e<br />

proibições fazem sentido, têm ‘efeitos de verdade’, constituem parte significativa das<br />

histórias pessoais” (LOURO, 999: ). Sobre a homofobia, acrescenta: “Consentida<br />

e ensi<strong>na</strong>da <strong>na</strong> escola, a homofobia expressa-se pelo desprezo, pelo afastamento,<br />

pela imposição do ridículo” (ibid.: 9).<br />

Ao ser não ape<strong>na</strong>s consentida, mas também ensi<strong>na</strong>da, a homofobia adquire<br />

nítidos contornos institucio<strong>na</strong>is, tor<strong>na</strong>ndo indispensáveis pesquisas que nos permitam<br />

conhecer a fundo as dinâmicas de sua produção e reprodução <strong>na</strong>s escolas, bem<br />

como os seus efeitos <strong>na</strong>s trajetórias escolares e <strong>na</strong>s vidas de todas as pessoas. Somos<br />

também desafiados a construir indicadores sociais de homofobia nos sistemas<br />

escolares para, entre outras coisas, formularmos, implementarmos e executarmos<br />

políticas educacio<strong>na</strong>is inclusivas.<br />

8 São compromissos <strong>na</strong> área da <strong>Educação</strong>: elaborar diretrizes que orientem os sistemas de ensino <strong>na</strong> implementação<br />

de ações voltadas ao respeito e à não-discrimi<strong>na</strong>ção por orientação sexual e identidade de<br />

gênero; fomentar e apoiar cursos de formação inicial e continuada de professores <strong>sobre</strong> sexualidade; formar<br />

equipes para avaliar livros didáticos e elimi<strong>na</strong>r aspectos discrimi<strong>na</strong>tórios por orientação sexual e identidade<br />

de gênero; estimular a produção de materiais educativos <strong>sobre</strong> orientação sexual e identidade de gênero e<br />

superação da homofobia; apoiar e divulgar a produção de materiais específicos para a formação de professores;<br />

divulgar informações científicas <strong>sobre</strong> sexualidade; estimular a pesquisa e a difusão de conhecimentos<br />

que contribuam para o enfrentamento da violência e da discrimi<strong>na</strong>ção de LGBT; instituir um subcomitê,<br />

com participação do movimento LGBT, para acompanhar e avaliar a implementação do BSH. Para um<br />

relatório das ações do MEC no biênio 2005-2006 no âmbito do BSH, vide: JUNQUEIRA et al., 2007.<br />

9 FOUCAULT, 1976 [1988]. Vide também: BUTLER, 2003: 101-102.<br />

10 “A linguagem, as táticas de organização e de classificação, os distintos procedimentos das discipli<strong>na</strong>s<br />

escolares são, todos, campos de um exercício (desigual) de poder. Currículos, regulamentos, instrumentos<br />

de avaliação e orde<strong>na</strong>mento dividem, hierarquizam, subordi<strong>na</strong>m, legitimam ou desqualificam os sujeitos”<br />

(LOURO, 2004a: 84-85). Vide também: SILVA, 1996.<br />

11 A inexistência de um arse<strong>na</strong>l consistente de dados acerca da homofobia <strong>na</strong>s escolas brasileiras não é<br />

índice da inexistência do problema. Pelo contrário, a homofobia institucio<strong>na</strong>l tem alimentado, entre muitos<br />

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