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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Regimes de (in)visibilidade<br />

30<br />

Todo esse quadro concorre para fazer da escola, como observa Guacira Louro,<br />

[...] sem dúvida, um dos espaços mais difíceis para que alguém<br />

“assuma” sua condição de homossexual ou bissexual. Com a suposição<br />

de que só pode haver um tipo de desejo e que esse tipo<br />

– i<strong>na</strong>to a todos – deve ter como alvo um indivíduo do sexo<br />

oposto, a escola nega e ignora a homossexualidade (provavelmente<br />

nega porque ignora) e, desta forma, oferece muito poucas<br />

oportunidades para que adolescentes ou adultos assumam,<br />

sem culpa ou vergonha, seus desejos. O lugar do conhecimento<br />

mantém-se, com relação à sexualidade, como lugar do desconhecimento<br />

e da ignorância (LOURO, 999: 0).<br />

O processo de invisibilização de homossexuais, bissexuais e transgêneros no<br />

espaço escolar precisa ser desestabilizado. Uma invisibilidade que é tanto maior se<br />

se fala de uma economia de visibilidade que extrapole os balizamentos das disposições<br />

estereotipadas e estereotipantes. Além disso, as temáticas relativas às homossexualidades,<br />

bissexualidades e transgeneridades são invisíveis no currículo, no livro<br />

didático e até mesmo <strong>na</strong>s discussões <strong>sobre</strong> direitos humanos <strong>na</strong> escola.<br />

Essa invisibilidade a que estão submetidas lésbicas, gays, bissexuais, travestis<br />

e transexuais comporta a sua exclusão enquanto tais do espaço público e, por isso,<br />

configura-se como uma das mais esmagadoras formas de opressão. É inquietante<br />

notar que alguém que não pode existir, ser visto, ouvido, conhecido, reconhecido,<br />

considerado, respeitado e tampouco amado pode ser odiado. 4<br />

A tendência já detectada em pesquisas consagradas segundo as quais a escola<br />

se nega a perceber e a reconhecer as diferenças de públicos, mostrando-se “indiferente<br />

ao diferente”, 4 encontra, no caso de estudantes homossexuais, bissexuais ou<br />

transgêneros, sua expressão mais incontestável. Professores/as costumam dirigir-se<br />

a seus grupos de estudantes como se jamais houvesse ali um gay, uma lésbica, um/a<br />

bissexual ou alguém que esteja se interrogando acerca de sua identidade sexual ou<br />

41 A<strong>na</strong>logamente, vale observar que, ao contrário do que crêem alguns, o racismo e outras crenças e formas<br />

de discrimi<strong>na</strong>ção nem sempre necessitam da presença física do “outro” para vigorarem. O ainda forte antisemitismo<br />

<strong>na</strong> Polônia de hoje é uma evidência disso. O país quase chega a ser um caso de “anti-semitismo<br />

sem judeus” por antonomásia. A maior comunidade hebraica da Diáspora (com mais de 3,2 milhões de<br />

judeus, em 1939) não passava, nos anos 1960, de 2 a 15 mil indivíduos. Não por acaso, também é um<br />

país de fortes manifestações homofóbicas. Para uma análise do quadro polonês, vide: LIÈGE, 2000.<br />

42 BOURDIEU e PASSERON, 1970 [1982]; BONNEWITZ, 2003: 119.

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