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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Poucos homens detêm o conjunto completo dos atributos<br />

prescritos para a masculinidade hegemônica, e talvez se possa<br />

dizer que são mesmo poucos aqueles que conseguem reunir<br />

uma quantidade razoável daqueles atributos. Desta forma,<br />

muitos homens mantêm alguma forma de conexão com o<br />

modelo hegemônico que não cumprem <strong>na</strong> totalidade. Investir<br />

nestas características que permitem a conexão com o modelo<br />

domi<strong>na</strong>nte tor<strong>na</strong>-se importante como forma de desfrutar dos<br />

privilégios àqueles concedidos.<br />

Gostaríamos de traçar aqui algumas considerações <strong>sobre</strong> esse aspecto. Primeiro,<br />

é plausível acreditar que essa masculinidade i<strong>na</strong>tingível deva ser posta em<br />

questão quanto à sua hegemonia – o que significa dizer que alcançar tal posto de<br />

supremacia é possível ape<strong>na</strong>s se acreditarmos <strong>na</strong> presença de “ganchos celestiais”,<br />

locais onde se misturam coisas terre<strong>na</strong>s com coisas transcendentes, coisas que não<br />

são do nosso mundo. Depois que essa figura que nos serve de referente do que é ser<br />

masculino está posta fora das possibilidades de nos tor<strong>na</strong>rmos humanos – sendo,<br />

portanto, problemático operarmos com um referencial desse tipo –, é necessário<br />

que comecemos a buscar outros entendimentos de como se dão as configurações de<br />

masculinidade. Muitos dos problemas que são criados entre os homens se devem<br />

justamente ao fato de termos que nos aproximar desse ente ficcio<strong>na</strong>l que está no<br />

centro de atração de nossas vontades de normalidade.<br />

Essa vontade de normalidade nos acompanha desde a infância, visto que vivemos<br />

em uma cultura que tende a padronizações, que define os modos de ser corretos<br />

e os que são desviantes. Nesse sentido, podemos pensar em alguns desdobramentos<br />

que podem gerar formas diferenciadas de encarar certas posições de sujeito.<br />

Se tomarmos como verdadeira essa vontade de normalidade, poderemos pensar nos<br />

diversos desdobramentos que dela podem surgir. Quando queremos/precisamos articular<br />

as nossas identidades, é premente que comecemos a indicar os diferentes de<br />

nós (aqueles sujeitos em oposição aos quais nos identificamos), utilizando-os como<br />

referência, para localizar quem estamos tentando ser. Tais sujeitos constituem uma<br />

espécie de ponto de afastamento e serão aqueles a quem dirigiremos nossos olhares,<br />

nossos discursos, nossos mais caros esforços para dizer: “eu não sou isso”.<br />

Quanto mais distantes mantivermos de formas diferentes de se estar no gênero,<br />

mais nos aproximaremos da matriz heterossexual. Então não basta que fiquemos<br />

atentos àquilo que as normas sociais determi<strong>na</strong>m; é central que estejamos o

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