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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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A palavra “homofobia” significa medo ou rejeição da homossexualidade.<br />

Esse medo pode parecer instintivo, como o medo do<br />

fogo, mas não o é. Constitui mais um fenômeno cultural que<br />

está longe de ser universal, e que reveste diferentes formas e<br />

significações segundo o contexto (CASTAÑEDA, 999:7 ).<br />

A produção de homofobia está presente tanto nos heterossexuais quanto nos<br />

homossexuais e, por conseguinte, entre as travestis, as transexuais e as transgêneros.<br />

E é entre estas últimas que uma variação da homofobia, no caso, a transfobia, pode<br />

exercer seus mais profundos efeitos, em seus processos intricados de construção<br />

identitários e de subjetivação.<br />

Impedida de poder ser o que é, necessita de espaços de escuta e de clarificação<br />

de suas dúvidas. Como não consegue interlocução com a família e nem com a escola,<br />

acaba tendo que descobrir sozinha. Se tiver a sorte de ter um amigo de mesma pertença,<br />

poderá dividir sua dor e falar de seus desejos, amores, prazeres e paixões.<br />

Tem-se aí a eclosão de um longo processo de estigmatização, discrimi<strong>na</strong>ção e<br />

exclusão que ganhará picos de intensidades de acordo com a qualificação e status de sua<br />

visibilidade. Assim, uma TTT rica será menos discrimi<strong>na</strong>da do que uma TTT pobre;<br />

uma TTT branca menos que uma TTT negra; uma TTT “mais discreta/educada”,<br />

menos que uma TTT “mais barraqueira”; uma transexual “educada e femini<strong>na</strong>”, menos<br />

que uma transexual “perua”; uma travesti jovem, menos que uma travesti idosa.<br />

Além desses componentes, uma outra perspectiva da violência estrutural nos<br />

remeteria à confusão em face das referências de gênero. Afi<strong>na</strong>l, as referências <strong>sobre</strong><br />

os significados e os valores atribuídos às categorias de masculino e feminino sempre<br />

foram marcadas por fortes influências essencialistas que os associavam às características<br />

sexuais, limitados a uma perspectiva biológica, centrada <strong>na</strong> fisiologia do “aparelho<br />

reprodutor” (ou seja, “desti<strong>na</strong>do” para a reprodução e não para a sexualidade e<br />

o prazer) e <strong>na</strong> filosofia moral. Seguindo a lógica essencialista, são elaboradas justificativas<br />

para as formas de produção e de reprodução de desigualdades entre homens<br />

e mulheres, que normatizam suas relações, vistas como <strong>na</strong>turais e universais. Seja <strong>na</strong><br />

esfera do senso comum, seja <strong>na</strong> esfera do discurso científico, a distinção sexual tem<br />

servido para a<strong>na</strong>lisar e justificar as desigualdades sociais.<br />

No cenário contemporâneo, as referências disponíveis <strong>sobre</strong> gêneros começam<br />

a perder seus sentidos, tendo seus contornos borrados e seus significados desmanchados.<br />

Os gêneros estão em chamas. Uma confusão nos códigos de inteligibilidade<br />

começa a ser estabelecida e a levar muitas pessoas a questio<strong>na</strong>rem: o que é<br />

ser homem? O que é ser mulher?

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