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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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O termo é um neologismo resultante da justaposição de dois radicais gregos<br />

– όμός (semelhante) e φόβος (temor, medo) – que se difundiu após o psicólogo<br />

clínico George Weinberg ( 97 ) definir homofobia como “medo de estar próximo a<br />

homossexuais”. O conceito logo teve sua abrangência semântica ampliada e passou<br />

a englobar uma variada gama de sentimentos e atitudes negativas em relação a homossexuais<br />

e à homossexualidade. No entanto, sua paulati<strong>na</strong> ressignificação, deu-se<br />

às custas de sua precisão, aprofundou o dissenso em torno do que seriam as “reações<br />

anti-homossexuais” (LOGAN, 99 : ) e não parece ter sido suficiente para<br />

suplantar o discurso clínico e medicalizante que lhe deu origem. Isto se nota, por<br />

exemplo, <strong>na</strong> ainda freqüente associação entre homofobia e certas atitudes e emoções,<br />

e destas com algumas psicopatologias.<br />

Com efeito, nesse sentido, o termo costuma ser insistentemente empregado<br />

em referência a conjuntos de emoções negativas (tais como aversão, desprezo, ódio,<br />

desconfiança, desconforto ou medo) em relação a pessoas homossexuais 7 ou assim<br />

identificadas. 8 Essas emoções, em alguns casos, seriam a tradução do receio (inconsciente<br />

e “doentio”) de a própria pessoa homofóbica ser homossexual (ou de que os<br />

outros pensem que ela seja). Assim, seriam indícios (ou “sintomas”) de homofobia<br />

o ato de se evitarem homossexuais e situações associáveis ao universo homossexual,<br />

bem como a repulsa às relações afetivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo.<br />

Essa repulsa, por sua vez, poderia se traduzir em um ódio generalizado (e, de novo,<br />

“patológico”) às pessoas homossexuais ou vistas como homossexuais. A homofobia<br />

aparece aí como um produto de uma patologia.<br />

Mas não pára aí. O termo chega a ter, em alguns casos, uma carga semântica<br />

ulteriormente medicalizada, 9 <strong>na</strong> medida em que a homofobia é, em si mesma,<br />

objetivada como “doença”. 0 Assistimos, então, a um fogo cruzado entre discursos<br />

igualmente medicalizados: de um lado, os que ainda definem a homossexualidade<br />

como doença e, de outro, os que rechaçam essa afirmação dizendo que a doença<br />

seria a homofobia. Não muito distantes destes últimos, encontram-se aqueles/as<br />

7 Autores como Jurandir Freire Costa (1992 e 2000: 113-122) e John H. Gagnon (2006: 372, passim) consideram<br />

impróprio o uso dos termos “homossexualidade”, “homossexualismo” e “homossexual”. Sem discordar<br />

deles, emprego aqui o primeiro e o último (juntamente com “homoerotismo” e os seus derivados) não<br />

só para manter certa uniformidade lexical, mas por não saber como evitá-los sem dificultar a leitura.<br />

8 Por ex., <strong>na</strong>s estatísticas crimi<strong>na</strong>is, travestis e transexuais, embora não sejam forçosamente homossexuais,<br />

costumam figurar como um dos principais alvos da homofobia.<br />

9 A “medicalização” está ligada ao uso de vocabulário e de modelos médicos ou de outros saberes da área<br />

da saúde para definir uma situação como um “problema”. Vide: BELL, 1987: 535-542. Os termos “homossexualismo”,<br />

“travestismo” e “transexualismo” trazem marcas profundas dessa medicalização.<br />

10 Considerar equivocado pensar a homofobia como expressão de uma “fobia” não comporta discordar que<br />

determi<strong>na</strong>das manifestações de caráter homofóbico derivem de graves psicopatologias ou sejam, em raríssimos<br />

casos, genuí<strong>na</strong>s expressões fóbicas.<br />

11 Em tal caso, costumam-se priorizar práticas terapêuticas contra “atitudes psicológicas i<strong>na</strong>propriadas”:<br />

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