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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Diz o ditado que “quem bate não lembra, mas quem apanha nunca esquece”.<br />

Isto também vale para as experiências vividas de discrimi<strong>na</strong>ção e exclusão que<br />

se tor<strong>na</strong>m marcas de estigmatização tão profundas que podem persistir por toda<br />

a vida de uma pessoa.<br />

A escola, que deveria ser um lugar de inclusão e respeito da diversidade, muitas<br />

vezes perde a sua função e passa a desempenhar outras. Tor<strong>na</strong>-se escola-polícia,<br />

escola-igreja, escola-tribu<strong>na</strong>l, orientadas por tecnologias sofisticadas de poder centradas<br />

<strong>na</strong> discipli<strong>na</strong> dos corpos e <strong>na</strong> regulação dos prazeres. Distanciam-se, assim,<br />

de uma das funções da educação: tor<strong>na</strong>r as pessoas preparadas para o convívio com<br />

as diferenças por meio da produção de sentimentos e atitudes de fraternidade, solidariedade<br />

e igualdade de direitos, valorizando o coletivo e garantindo o acesso à<br />

informação, sem o que é impossível às pessoas a construção de suas cidadanias. Fazendo<br />

uso de slogan do movimento <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de travestis, transexuais e transgêneros,<br />

vale recordar que: “Cidadania não tem roupa certa!”.<br />

Uma outra ce<strong>na</strong> é descrita por Brunete, anos, travesti profissio<strong>na</strong>l do sexo.<br />

Quando indagada <strong>sobre</strong> suas lembranças a respeito de sua ligação com a escola,<br />

relata que sempre teve boas relações com colegas e professores, pois era uma alu<strong>na</strong><br />

exemplar. Tirava 0 em todas as discipli<strong>na</strong>s e era admirada pelos professores<br />

e referência para os colegas, que, diante das dificuldades com as matérias, sempre<br />

recorriam ao “geninho”. Brunete tem consciência do quanto suas notas ajudaram a<br />

maquiar a sua homossexualidade, mesmo porque, nos informa, era bem afemi<strong>na</strong>da,<br />

só se reunia com as meni<strong>na</strong>s, embora algumas vezes jogasse voleibol com os meninos.<br />

Além das boas notas, era uma alu<strong>na</strong> envolvida <strong>na</strong>s atividades extracurriculares,<br />

quando era convidada para participar de peças de teatro, de shows e outras festividades<br />

realizadas quando da comemoração de alguma data especial.<br />

Mas, relembra Brunete, houve um momento em que ela vivenciou uma situação<br />

que lhe marcou bastante. Quando estava <strong>na</strong> quarta série, alguns meninos<br />

começaram a chamá-la de “cu de veludo”, em referência a um perso<strong>na</strong>gem do filme<br />

“Navalha <strong>na</strong> Carne”, que tinha sido exibido <strong>na</strong> televisão. Confessa ter ficado muito<br />

chateada, mas, como era uma criança muito alegre e sociável, logo relevou o incidente<br />

e deu continuidade às suas relações. Ainda nesse período, conta Brunete:<br />

[…] como eu gostava muito de dançar, de interpretar, de rebolar,<br />

minha professora de <strong>Educação</strong> Artística, que era muito<br />

minha amiga, me convidou para participar de um show que ela<br />

estava organizando em comemoração ao Dia das Mães. Aí, ela<br />

falou que eu deveria interpretar uma música do Ney Matogros-<br />

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