Capítulo 3 <strong>Geometria</strong> de contacto <strong>das</strong> Equações <strong>Diferenciais</strong> Parciais (PDE’s) de Primeira Ordem 3.1 <strong>Geometria</strong> da equação F (x, u, u x ) = 0. Consideremos uma PDE de primeira ordem: F (x, u, u x ) = 0 (3.1.1) onde x = (x 1 , · · · , x n ) ∈ IR n , u ∈ IR e u x = (∇u) T = ( ∂u ∂x 1 , · · · , ∂u ∂x n ) = (u x 1, u x 2, · · · , u x n). Para interpretar geomètricamente esta equação, consideramos o espaço J 1 (IR n ; IR) dos elementos de contacto regulares do espaço de configuração IR n+1 x 1···xn u . Um elemento de contacto desse espaço é, por definição, um par c = (m, H m ), constituído por um ponto m = (x, u) ∈ IR n+1 e por um hiperplano H m ∈ T m IR n+1 . O ponto m diz-se o suporte de c = (m, H m ). O elemento de contacto c = (m, H m ) diz-se regular quando o hiperplano H m é não vertical, i.e., quando não contem ∂ ∣ (ver figura 3.1). m ∂u Figure 3.1: Elemento de contacto c = (m, H m ) em IR n+1 = IR n+1 x i u . { ∣ ∣ } Como ∂ ∣∣m ∂ ∣∣m ∂ , · · · , ∂x 1 ∂x , n ∂u∣ constituem uma base para o espaço tangente T m IR n+1 , onde m m = (x, u) ∈ IR n+1 , e como { dx 1∣ ∣ m , · · · , dx n } | m , du| m é a respectiva base dual, o hiperplano Hm (sendo não vertical) tem por equação: du| m = p 1 dx 1∣ ∣ ∣m + · · · + p n dx n | m = p · dx| m (3.1.2) 107
3.1. <strong>Geometria</strong> da equação F (x, u, u x ) = 0. 108 onde p = (p 1 , · · · , p n ) ∈ IR n . O hiperplano H m é pois perpendicular ao vector (p, −1) = (p 1 , · · · , p n , −1) ∈ IR n+1 . Isto leva-nos a considerar o espaço J 1 (IR n ; IR) dos elementos de contacto regulares de IR n+1 x i u , que não é mais do que IR 2n+1 = IR 2n+1 x i up i . A equação (3.1.1) define portanto uma hipersuperfície neste espaço, dada por: Σ = {(x, u, p) ∈ IR 2n+1 : F (x, u, p) = 0 } (3.1.3) (Estamos a supôr que 0 é valor regular de F , i.e., que dF | Σ ≠ 0). Consideremos agora a projecção canónica π : IR 2n+1 → IR n+1 , dada por: π : IR 2n+1 −→ IR n+1 c = (m, H m ) = (x, u, p) ↦−→ m = (x, u) (3.1.4) que a cada elemento de contacto c = (m, H m ) associa o respectivo suporte m. Existe uma distribuição de 2n-planos Π : c ↦→ Π c ⊂ T c IR 2n+1 , canònicamente definida em IR 2n+1 , da seguinte forma - um vector tangente ξ ∈ T c IR 2n+1 , onde c = (m, H m ), pertence ao 2n-plano Π c se e só se π ∗ (ξ) ∈ H m (ver figura 2.2), isto é: Π c = π −1 ∗ (H m ) ⊂ T c IR 2n+1 , c = (m, l m ) (3.1.5) Como o n-plano H m é dado pela equação (3.1.2), deduzimos que um vector ξ ∈ T c IR 2n+1 está em Π c sse (du − p · dx)(π ∗ ξ) = 0, isto é, sse π ∗ (du − p · dx)(ξ) = (du − p · dx)(ξ) = 0, e portanto Π fica definida pela 1-forma: ω = du − p · dx = du − ∑ n i=1 p i dx i (3.1.6) em IR 2n+1 , a que chamamos forma de contacto em IR 2n+1 . À distribuição de 2n-planos Π = ker ω, chamamos a distribuição de contacto em IR 2n+1 . Figure 3.2: Distribuição de contacto em em IR 2n+1 . O espaço J 1 (IR n ; IR) pode também ser definido como o espaço dos 1-jactos de funções u = f(x), que identificamos com o espaço IR 2n+1 , munido <strong>das</strong> coordena<strong>das</strong> (x, u, p). Duas funções diferenciáveis u = f(x) ∣ e u = ∣ g(x) definem o mesmo 1-jacto num ponto x 0 ∈ IR n , se e só se f(x 0 ) = g(x 0 ) e ∂f ∣∣x=x0 = ∂g ∣∣x=x0 , ∀i = 1, · · · , n. Portanto um 1-jacto de função u = f(x), num ∂x i ∂x i ponto x 0 ∈ IR n , fica definido por n + 1 dados - as coordena<strong>das</strong> do ponto x 0 , o∣ valor u 0 de u = f(x) em x 0 e, finalmente, os valores <strong>das</strong> deriva<strong>das</strong> parciais de primeira ordem ∂f ∣∣x=x0 , i = 1, · · · , n. ∂x i Dada uma função diferenciável u = f(x), podemos definir o seu 1-gráfico como sendo a variedade de dimensão n, imersa em J 1 (IR n ; IR) = IR 2n+1 x i up i e parametrizada por: ( j 1 (f)(x 1 , · · · , x n ) = x 1 , · · · , x n , f(x 1 , · · · , x n ), ∂f ) ∂x i (x1 , · · · , x n ) (3.1.7) Note que: L f def = j 1 (f)(IR n )
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