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populacao negra

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tencimento identitário da doença à “raça <strong>negra</strong>”, procurando restringi-la a seu<br />

domínio próprio – das doenças/patologias. Essa ideia se desdobra, de modo<br />

um pouco mais assertivo, na passagem subsequente: “são doenças próprias da<br />

raça <strong>negra</strong> [porém] que se originaram em outros países”. Esse enunciado retoma<br />

o primeiro, procurando reafirmar a especificidade étnica, ao mesmo tempo<br />

em que reafirma sua origem em um tempo e um local distante.<br />

A agente deixa nas entrelinhas o sentimento de inferioridade racial.<br />

Historicamente, as pessoas de origem africana, ao longo dos anos, foram<br />

construindo uma autoimagem negativa acompanhada de autoestima rebaixada.<br />

Seus traços físicos e seus valores “foram sistematicamente associados a<br />

qualidades negativas pelo europeu” (Ferreira, 1999, p. 71).<br />

No tocante à questão da diferença étnico-racial, entre os profissionais de<br />

saúde, alguns defendiam a ideia de que havia uma diferença cultural entre negros<br />

e brancos, ligada à religião, à alimentação, enfim, ao estilo de vida:<br />

[...] eu defendo esse programa, em termo de estilo de vida, é completamente<br />

diferente, religião, a cultura, eles têm um laço mais forte culturalmente falando,<br />

o negro, do que a gente, do que eu amarela, parda, eu sou parda. A alimentação,<br />

minha paciente escurinha, neguinha, ela vai seguindo as mesmas coisas que a<br />

mãe, que a avó, que a tataravó na mesa dela, no almoço dela serve a mesma coisa<br />

que a bisavó dela comia e isso que vai gerar uma paciente hipertensa e diabética,<br />

o corpo dela vai ficando sendo igual ao da mãe (PS).<br />

Em outro depoimento é ressaltada a questão das diferenças culturais e<br />

para as necessidades específicas dos moradores do local:<br />

[...] especificamente na Liberdade [...] por aqui ser um bairro predominatemente<br />

negro, isso é forte, se você sai aqui pra andar pra ver, você vai ver<br />

a população, o jeito de ser, de se vestir, de pentear os cabelos, de agir, os<br />

adereços. Me chamou muito atenção quando eu vim pra cá, eu parecia que<br />

nunca tinha visto isso na minha vida, eu adoro a raça <strong>negra</strong>, eu acho linda,<br />

né? E por sinal, se você andar por aí, você vai vê umas <strong>negra</strong>s bonitas, lindas.<br />

Como tem brancos feios e bonitos, mas assim; existem, isso é forte aqui na<br />

Liberdade e obviamente essa questão cultural, do candomblé, das comidas<br />

que é baiana, influência sim, eu acho (PS).

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