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populacao negra

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de, por um seio/mamadeira que já estava lá para ser encontrado. É uma verdade<br />

paradoxal que se institui como tal em função das atitudes de cuidado e<br />

acolhimento, sustentadas pela capacidade de identificação do meio ambiente<br />

favorecedor para que o encontro do ego em formação da criança com a realidade<br />

externa se estabeleça sem encontros inesperados e incompreensíveis e<br />

geradores de angústia e trauma. Para esse autor, a sustentação do paradoxo se<br />

faz necessária porque o eu infantil não possui, ainda, mecanismos psíquicos<br />

de representação e, portanto, de compreensão das situações de limite ou “faltas”,<br />

provenientes da realidade.<br />

Conforme mostra Roussillon (2006), o campo imaginário e de mediação<br />

psíquica se constrói sobre “paradoxos maturacionais”, que auxiliam o desenvolvimento<br />

e a continuidade psíquica, suavizando o impacto das rupturas<br />

naturais do processo de viver. Os paradoxos maturacionais criam formas<br />

semelhantes (homomorfas) para as rupturas naturais entre o mundo interno<br />

(subjetivamente concebido) e o mundo externo (objetivamente percebido),<br />

permitindo a entrada gradativa da diferença (isomorfismo) pelo viés das semelhanças.<br />

É a memória do que é semelhante que permite a conquista gradativa<br />

da diferença, porque tem como crédito a confiança nas memórias dessas<br />

vivências de atendimento da necessidade. Os paradoxos maturacionais, portanto,<br />

amenizam situações em que a “falta”, o limite natural, se apresenta. Eles<br />

criam um período de hesitação, um campo de repouso, permeado por cuidado<br />

e compreensão – que são consequência da projeção natural do eu infantil dos<br />

pais em seus filhos, e parte do processo de identificação – que facilita a (re)<br />

organização e o amadurecimento do eu.<br />

Podkameni e Guimarães (2004) e Guimarães e Podkameni (2008) têm<br />

proposto a ideia de que durante o processo de crescimento da criança <strong>negra</strong>,<br />

quando nossa sociocultura passa também a ocupar o lugar inicialmente<br />

ocupado pelo núcleo familiar primário e passa a ser incorporada como parte<br />

integrante e necessária na tessitura do espaço potencial, em função do racismo,<br />

a sociocultura passa a dificultar, por vezes a impedir, o exercício natural e<br />

de direito desse campo de escoamento e elaboração da tensão psíquica entre<br />

esse grupo de brasileiros(as).<br />

Evidenciam que nosso meio ambiente não é favorecedor porque, em<br />

razão de uma recusa histórica em se identificar com a população de fi-<br />

Saúde da População Negra<br />

229<br />

Racismo: um mal-estar psíquico

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