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populacao negra

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dos os brasileiros. A nova Constituição também exigia o desenvolvimento do<br />

Sistema Único de Saúde (SUS), que foi outro passo importante nos esforços<br />

de ampliação do acesso à assistência médica no país. Ativistas e organizações<br />

não governamentais de apoio na luta contra a aids desempenharam papel<br />

vital na garantia da assistência médica como um direito na Constituição de<br />

1988 e na implantação de Conselhos de Saúde participativos nos âmbitos municipal,<br />

estadual e federal durante os anos 1990 (Parker, 2009).<br />

A ênfase nos direitos humanos tem sido um dos pontos fortes na abordagem<br />

brasileira do HIV/Aids, tanto nas organizações da sociedade civil como no governo.<br />

Esses direitos eram o foco do início da mobilização contra o HIV/Aids durante<br />

a década de 1980 e continuam a ser fundamentais nos esforços para lidar com a<br />

epidemia. Essa ênfase nos direitos humanos tem contribuído para o sucesso do<br />

empenho do Brasil em refrear a epidemia e proporcionar tratamento a pessoas<br />

portadoras do HIV. Ao sacralizar o direito dos cidadãos brasileiros à saúde, a<br />

Constituição de 1988 estabeleceu uma ligação importante entre direitos humanos<br />

e saúde, servindo como forte ponto de referência para a legislação futura a<br />

respeito do tema da saúde no país (Safreed-Harmon, 2008). Com a ratificação<br />

pelo Brasil dos tratados das Nações Unidas que descrevem os direitos humanos,<br />

tais como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional<br />

dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, seus dispositivos constitucionais<br />

sobre saúde têm sido utilizados para promover esforços na luta contra o estigma<br />

e a discriminação associados ao HIV e também para garantir o tratamento<br />

aos portadores do HIV (Safreed-Harmon, 2008).<br />

A mobilização civil ativa e o foco combinado em saúde e direitos humanos<br />

foram instrumentos imprescindíveis para pressionar pelo fornecimento universal<br />

de medicamentos contra a aids a todas as pessoas que vivem com HIV/Aids<br />

durante os anos 1990. Em novembro de 1996, o presidente Fernando Henrique<br />

Cardoso assinou a Lei nº 9.313, que exigiu do governo o fornecimento gratuito de<br />

medicamentos contra a aids a todos os brasileiros, sem custos, por meio do SUS.<br />

Essa decisão foi tomada menos de seis meses após o anúncio em 1996 dos sucessos<br />

anteriores dos medicamentos antirretrovirais (ARVs) durante a Conferência<br />

Internacional sobre Aids realizada em Vancouver, Canadá (Parker, 2009). Desde<br />

que o Brasil começou a fornecer os ARVs em meados da década de 1990, tornouse<br />

líder mundial na luta contra a aids e um modelo na busca arrojada de tratamento<br />

para pessoas portadoras do HIV nos países desenvolvidos.<br />

Saúde da População Negra<br />

317<br />

Paralelos opostos: Raça e status socioeconômico em pesquisas<br />

e políticas sobre hiv/aids no Brasil e nos Estados Unidos

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