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populacao negra

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Colocando sob foco, mais uma vez, as mulheres <strong>negra</strong>s, Batista<br />

(2002) afirma que elas estão em última posição na escala de valorização<br />

social e isso pode intervir, segundo ele, no poder de negociação sexual<br />

e uso da camisinha. O direito de escolha do método contraceptivo está<br />

comprometido por uma percepção estereotipada da mulher <strong>negra</strong> e, com<br />

isso, mulheres <strong>negra</strong>s estariam mais vulneráveis ao HIV/Aids. Essa percepção<br />

determinaria visões, como aquela apontada por Pinto, Boulos e Assis<br />

(2000). Isso é o que constata Lopes (2003), que verificou que mulheres<br />

<strong>negra</strong>s que vivem com HIV/Aids, são ainda mais vulneráveis, individualmente,<br />

que mulheres não <strong>negra</strong>s.<br />

Um conjunto de fatores sociais, como menor acesso à educação formal,<br />

condições de moradia e habitação menos favoráveis, baixo rendimento individual<br />

e familiar per capita, responsabilidade pelo cuidado, maior número de<br />

pessoas, dificuldade de acesso ao teste diagnóstico, dificuldade de acesso<br />

às informações sobre terapia antirretroviral para o recém-nascido e sobre<br />

redução de danos no uso de drogas injetáveis, dificuldade em adotar comportamentos<br />

protetores, como é o caso do uso de preservativo. Além disso, Lopes<br />

(2003) aponta outros fatores contribuíram para o aumento da vulnerabilidade<br />

das mulheres <strong>negra</strong>s, por exemplo, a baixa percepção de risco individual<br />

de infecção, associada a outros fatores ligados à dificuldade de acessar um<br />

serviço de saúde adequadamente. Ainda, segundo a autora, mulheres <strong>negra</strong>s<br />

se mostraram menos conscientes da sua condição de soropositiva para o HIV/<br />

Aids. Todo esse quadro mostra a complexidade da realidade das mulheres <strong>negra</strong>s<br />

diante da epidemia da aids.<br />

Considerações finais:<br />

das intersecções de gênero e raça à saúde sexual e reprodutiva<br />

A “condição” biológica de mulheres <strong>negra</strong>s e brancas, especialmente aquelas<br />

ligadas a sua capacidade reprodutiva, não estabelece e nem mesmo é suficiente<br />

para instaurar uma dada igualdade, do ponto de vista do poder no campo<br />

relacional, pois essa condição tanto é base para ingerências de inúmeros aspectos<br />

sociais como é resultado desses aspectos. Ao contrário, apostar no argumento<br />

de igualdade, com base na questão biológica, como pressuposto de uma mesma<br />

condição feminina, naturaliza diferenças historicamente construídas.

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