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populacao negra

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ninguém é bobo, já viveu bastante pra não ser bobo, tu percebe que [intervalo de<br />

fala] as mulheres mais [intervalo de fala] ou a criança mais [intervalo de fala] é<br />

uma coisa meio diferenciada (Esmeralda, <strong>negra</strong>, do lar, 55 anos).<br />

Para a Organização Pan-Americana da Saúde (2009), para promover<br />

a saúde, o conceito de racismo institucional deve ser desindividualizado,<br />

especialmente pelo fato de deslocar a discussão dos preconceitos e das<br />

discriminações interpessoais, repondo a discussão no espectro da ideologia<br />

e da política, incluindo o racismo institucional no contexto apropriado<br />

das relações sociais.<br />

Tal processo retira a responsabilidade dos ombros dos profissionais atuantes,<br />

sejam médicas, enfermeiras, auxiliares e técnicas, e a coloca nas mãos<br />

do Estado, instituição que tem por obrigação constitucional garantir os direitos<br />

fundamentais coletivos, principalmente o direito humano à saúde:<br />

[...] naquela época não existia essa história de olhar os negros sobre isso, [...]<br />

como é que agora vão procurar se aprofundar nessas doenças se as pessoas sempre<br />

existiram e isso sempre existiu só que não davam nome, mas existia [pausa na<br />

fala] é difícil das pessoas entenderem, mas eu não consigo, claro eu não estudei,<br />

mas eu vou nos lugares, eu ouço, eu vou nos seminários, eu vou nas palestras (Esmeralda,<br />

<strong>negra</strong>, do lar, 55 anos).<br />

Também fica explícita a recomendação de que o município deve não só<br />

perceber a negritude, mas reconhecer a necessidade de se debruçar sobre<br />

esse conhecimento. Há indicações de que profissionais devem atentar para as<br />

particularidades da saúde da população <strong>negra</strong>, o que pode ser feito através de<br />

uma política de educação permanente.<br />

Considerações finais<br />

A história da saúde das populações vulneráveis até então é uma história<br />

sem protagonistas e sem cenários. Trata-se de uma narrativa assinalada pelo<br />

silêncio e pela naturalização do preconceito e do racismo, cuja invisibilidade<br />

afeta a noção de cidadania e qualidade de vida de negros e <strong>negra</strong>s quilombolas,<br />

contrariando os preceitos da justiça social.<br />

Saúde da População Negra<br />

217<br />

A Visão da Feminilidade sobre os cuidados<br />

em saúde dos Quilombos Contemporâneos

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