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populacao negra

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ia das teorias do comportamento ligado ao HIV que têm sido aplicadas ao<br />

risco de contrair o HIV. Fundamentadas na psicologia social, essas teorias se<br />

concentram em fatores cognitivos sociais do indivíduo, tais como posturas,<br />

crenças e percepções de risco (Noar, 2005). Sob o enfoque de uma perspectiva<br />

individualista, o uso do preservativo é uma função do comportamento do<br />

indivíduo a respeito de preservativos (Wilson et al., 1994), ou da “autoeficiência”,<br />

a convicção de que ele ou ela pode utilizar preservativos com sucesso.<br />

(Bandura, 1989).<br />

Estudiosas feministas nos Estados Unidos têm sido especialmente críticas<br />

a respeito da tendência individualista da maioria das teorias psicossociais<br />

comportamentais sobre saúde aplicadas ao risco de HIV para as mulheres<br />

(Amaro, 1995; Bowleg, 2008; Bowleg, Lucas, Tschann, 2004; Cochran, Mays,<br />

1993; Dworkin, Ehrhardt, 2007; Mays, Cochran, 1988; Wingood, DiClemente,<br />

2000). Consideremos a variável cognitiva da percepção do risco,<br />

por exemplo. Em muitas das teorias cognitivas está implícita a noção de que<br />

perceber o risco motiva as pessoas a tomar medidas a fim de reduzi-lo. Em um<br />

artigo inaugural muito perspicaz sobre o risco e a percepção relacionados ao<br />

HIV, Mays e Cochran (1988) apresentaram uma explicação contextualizada a<br />

respeito da postura das mulheres perante o risco que desafiava a orientação<br />

individualista da maioria das abordagens tradicionais a esse respeito. Afirmaram<br />

as autoras: “A chave para as respostas das mulheres pobres dessas etnias<br />

à aids é sua percepção de seu perigo relativo na hierarquia de outros riscos<br />

presentes em sua vida e a existência de recursos disponíveis para agir diferentemente”<br />

(Mays, Chochran, 1988, p. 951). Quanto àquelas que se deram conta<br />

da gravidade da ameaça do HIV, Mays e Cochran notaram que as mulheres<br />

que percebiam o HIV como séria ameaça poderiam não ter os recursos que<br />

as protegessem contra a infecção pelo HIV. Essas estudiosas exemplificaram<br />

corretamente como o contexto da vida das mulheres pode se sobrepor à percepção<br />

individual do risco.<br />

Desde a publicação do artigo de Mays e Cochran (1988), o apoio a maior<br />

ênfase no contexto estrutural do risco floresceu nos Estados Unidos. Especificamente,<br />

um coro crescente de estudiosos da prevenção do HIV começou<br />

a defender maior relevância do papel dos fatores estruturais e do HIV/Aids<br />

na teoria norte-americana, bem como na sua pesquisa e política. Os fatores<br />

estruturais incluem “aspectos físicos, sociais, culturais, organizacionais, da<br />

Saúde da População Negra<br />

325<br />

Paralelos opostos: Raça e status socioeconômico em pesquisas<br />

e políticas sobre hiv/aids no Brasil e nos Estados Unidos

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