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populacao negra

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ta uma violência simbólica que se perpetua como forma de racismo no<br />

modo como olha e desqualifica o corpo negro. Esses discursos perderam<br />

a perspectiva em que foram determinados pelo processo de construção<br />

de técnicas de poder próprios da sociedade moderna, e, ao terem<br />

sido incorporados por um processo de naturalização, foram mantidos<br />

ao longo do tempo, conduzindo ao ordenamento de hierarquias raciais,<br />

que passaram a ser aceitas como uma característica histórica determinante<br />

da sociedade brasileira.<br />

No presente texto, são abordados alguns tópicos da pesquisa que<br />

tangenciaram a relação da eugenia com as políticas de Estado, que<br />

resultaram em debates em torno da atenção à maternidade e do interesse<br />

pela construção de uma raça nacional. Esses temas, articulados,<br />

produziram discursos nos quais o racismo esteve presente ora de maneira<br />

velada, ora de maneira explícita, corroborando as dissimulações<br />

e contradições, que historicamente têm caracterizado os debates sobre<br />

as questões raciais no Brasil. Antes, porém, de serem analisados os<br />

textos e as imagens do BM, consideramos relevante fazer uma síntese<br />

a respeito da discussão estabelecida por alguns autores sobre a relação<br />

entre nação, modernidade e racismo.<br />

Modernidade e racismo<br />

Alguns autores procuraram discutir a relação entre Estado, população e racismo<br />

no processo que envolveria procedimentos e técnicas de poder que foram<br />

utilizados na busca do melhoramento da espécie humana como forma de servir<br />

ao desenvolvimento industrial e tecnológico nas sociedades modernas.<br />

Para Bauman (1999), esses mecanismos de poder, cujo exemplo mais<br />

extremo de “engenharia social” foi o guiado por Hitler, eram concepções genuínas<br />

do “espírito moderno”, que tinha a necessidade de acelerar o progresso<br />

da perfeição humana, baseando-se numa visão otimista sobre as conquistas<br />

científicas e o desenvolvimento industrial.<br />

Segundo Gilroy (2007), essas ações de poder influíram na maneira como<br />

a concepção de raça passou a ser “compreendida e praticada” pela modernidade,<br />

uma vez que grupos dominantes passariam a perceber seus “subor-

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