22.11.2012 Views

populacao negra

populacao negra

populacao negra

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

320<br />

ção e a desigualdade racial são virtualmente inexistentes. Lieberman também<br />

torna explícitas as comparações entre Brasil, África do Sul e Índia, destacando<br />

as divisões étnicas, raciais e de castas na África do Sul e Índia, ao mesmo tempo<br />

em que minimiza a importância das divisões raciais que existem no Brasil.<br />

Ao fazê-lo, deixa de reconhecer práticas correntes de discriminação racial e<br />

desigualdade que colocam os brasileiros afrodescendentes em desvantagem<br />

com relação a emprego, renda, educação e saúde. Paralelamente à análise de<br />

Lieberman, que sustenta a visão de que a raça tem pouca utilidade na pesquisa<br />

sobre HIV/Aids no Brasil (Surratt, 1998), a falta de dados e de pesquisas que<br />

demonstrem as disparidades na prevenção e no tratamento de HIV/Aids para<br />

brasileiros brancos e negros faz com que seja difícil contestar tais afirmações<br />

(Fonseca et al., 2007). Isso indica a importância da pesquisa voltada para as<br />

necessidades de prevenção e tratamento de HIV/Aids dos brasileiros afrodescendentes,<br />

bem como de pesquisas que incluam raça/cor como uma variável<br />

de análise.<br />

Embora alguns pesquisadores tenham notado aumento na disseminação<br />

do HIV/Aids entre brasileiros de baixa renda e pobres, há pouquíssimas pesquisas<br />

sobre as ligações entre raça e classe com relação a HIV/Aids. Desde o<br />

início dos anos 1990, ativistas negros e estudiosos, particularmente mulheres<br />

<strong>negra</strong>s, têm se situado na dianteira e chamado a atenção para as dimensões<br />

raciais do que tem sido denominado como a crescente “pauperização” da epidemia<br />

de HIV/Aids no Brasil – termo que se refere ao fato de grandes números<br />

de pessoas pobres serem afetadas pela epidemia (Parker e Camargo, 2000).<br />

Devido ao prolongado fracasso do governo brasileiro em coletar dados sobre<br />

saúde por raça, maneiras inovadoras de avaliar as ligações entre raça e classe<br />

têm sido desenvolvidas por ativistas-estudiosos, como Dra. Jurema Werneck,<br />

coordenadora da ONG Criola, de mulheres <strong>negra</strong>s do Rio de Janeiro, e uma<br />

líder no movimento mais amplo de mulheres <strong>negra</strong>s. Em sua obra sobre a epidemia<br />

de HIV/Aids, Werneck (2004) utilizou medidas-padrão de condição<br />

socioeconômica, tais como índice de êxito educacional, como substituto de<br />

raça 3 . Werneck usou essa análise para alegar a existência de disparidades<br />

3 Werneck mapeou os dados do IBGE e do PNAD com relação ao êxito educacional por<br />

raça e sexo (1992 e 1999) e índice de analfabetismo (1992 e 1999) com dados sobre o êxito<br />

educacional de pessoas entre 20-69 anos, por ano de diagnóstico (já que os dados sobre<br />

raça não existiam com relação a esses anos).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!