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populacao negra

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de produção de teses e dissertações que descortinam a condição do negro no<br />

país, especialmente em estudos sobre violência, saúde e reprodução e HIV/<br />

Aids, além dos estudos demográficos. Dois atores importantes são aqui convocados:<br />

o Cebrap (Centro Brasileiro de Pesquisa) e o Nepo (Núcleo de Estudo<br />

Populacional da Unicamp). Representados especialmente pela pesquisadora<br />

Elza Berquó, atuaram de modo fundamental na abertura de um novo olhar<br />

para as especificidades sociorraciais e na entrada de pesquisadores negros<br />

em grupos nacionalmente importantes.<br />

À cena política emergem novos intelectuais que também estarão na<br />

disputa pela condução dos processos de formulação de políticas e poderão<br />

acelerar a construção de políticas afirmativas. Esses novos intelectuais –<br />

ativistas do movimento negro e acadêmicos bem formados nos grandes<br />

núcleos de pesquisa do país – podem ser considerados intelectuais orgânicos,<br />

dispostos a “traduzir” diretamente as demandas do povo negro brasileiro.<br />

Um informante nos diz:<br />

[...] porque o movimento social viu que aquele material que tínhamos era o que<br />

o movimento negro precisava para denunciar o impacto do racismo na saúde;<br />

os técnicos nunca tinham visto aqueles dados desagregados por raça/cor e<br />

eram dados epidemiológicos, eram dados do jeito que eles também faziam as<br />

análises. Então, o estudo epidemiológico é um instrumento da gestão, mas para<br />

o movimento social é uma arma. A epidemiologia foi uma arma para se discutir a<br />

questão racial (entrevistado 03).<br />

A dimensão do poder é mais uma vez apontada no processo de planejamento<br />

de uma política, posta a necessidade de considerar o poder técnico<br />

– visto aqui como uso de conhecimentos e tecnologias, manuseio de informações<br />

teóricas, técnicas, administrativas, clínicas e epidemiológicas, quando<br />

o entrevistado se reporta ao uso da epidemiologia para dialogar com o poder<br />

público na construção de ações em saúde da população <strong>negra</strong>. A epidemiologia<br />

pôde, enfim, estabelecer as bases para a elaboração da política de SPN.<br />

Os problemas já apontados acerca da saúde da população <strong>negra</strong> – exclusão<br />

e vulnerabilidades sociais a que está submetida (corrente de problemas),<br />

as propostas apresentadas desde os documentos lançados em 1995,<br />

pós-Marcha Zumbi dos Palmares, até novas soluções em aspectos distin-<br />

Saúde da População Negra<br />

83<br />

O movimento negro na construção da política nacional de saúde<br />

integral da população <strong>negra</strong> e sua relação com o estado brasileiro

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