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populacao negra

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De modo semelhante, na adolescência, o self define-se pelo convívio social<br />

e vínculo afetivo com seus pares. Apesar de a adolescência ser considerada uma<br />

fase de instabilidade, ligada a períodos de crises existenciais, sem dúvida é um<br />

marco importante na vida das pessoas evocando mudanças, reorganizações e<br />

aprendizagens significativas. Nessa fase, os valores, as crenças, os limites e o<br />

respeito familiar são muito questionados e derivam do que foi cotidianamente e<br />

culturalmente construído no interior da família desde a infância.<br />

Cabe levar em conta que os valores, as crenças e cultura de famílias compostas<br />

por indivíduos negros são socialmente considerados inferiores, contribuindo<br />

para que os adolescentes tenham mais dificuldades para assimilá-los<br />

e, quando o fazem, é com um misto de vergonha e insatisfação.<br />

Assim, podemos afirmar que os padrões sociais de conduta são aprendidos<br />

nos períodos da infância e adolescência, dentro dos próprios lares, na interação<br />

com os pais. Nesse pensar, em famílias que se relacionam sob a égide do racismo,<br />

onde fazem uso do comportamento violento para o seu enfrentamento quotidiano,<br />

os comportamentos violentos de crianças e adolescentes pode ser a objetivação<br />

do que foi aprendido nos modos de ser, pensar e agir de seus pais.<br />

As concepções de poder e posse arraigadas nas relações familiares<br />

reafirmam a dominação dos pais sobre os filhos, e os vínculos formados são<br />

imbuídos de autoridade e medo. Daí, os modelos familiares que se arrastam<br />

na história da humanidade evidenciam a segregação de poder e luta pela<br />

sobrevivência e/ou adaptação às adversidades. Entendida como um produto<br />

histórico-social, a família pode potencializar ou reprimir padrões culturais e<br />

afetivos dos indivíduos, a depender das relações que estabelece com o espaço<br />

privado econômico, político e simbólico que sustenta o sistema familiar.<br />

Seguindo essa lógica, a violência inicia-se na família, quando esta determina<br />

o papel que cada um dos seus membros deve desempenhar para ser aceito no<br />

sistema familiar e social, mostrando-lhes, sobretudo, a maneira como devem agir<br />

e reagir diante das situações sociais impostas pela assimetria das relações.<br />

Tais relações não ajudam a constituir e definir um outro livre, capaz e<br />

pleno, provocando um efeito devastador na estrutura psíquica dos indivíduos,<br />

edificando na diferença a possibilidade de exploração – dominação.<br />

Saúde da População Negra<br />

347<br />

Reflexões sobre a violência vivenciada<br />

por crianças e adolescentes negros

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