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populacao negra

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Todas as manifestações das mulheres entrevistadas aparecem como espelho<br />

de anos de história de naturalização do preconceito e da discriminação<br />

contra <strong>negra</strong>s e negros neste país. Produto de um processo primordial que<br />

começou ainda antes de o país ser “descoberto”, mas que precisa de uma reflexão<br />

para a adequação das políticas públicas à realidade vivenciada por essa<br />

população. A percepção das mulheres <strong>negra</strong>s sobre os serviços de assistência,<br />

tratamento e diagnóstico é baseada genuinamente em suas experiências<br />

de descaso sanitário vivenciadas desde a mais tenra idade.<br />

Uma política que contemple a diversidade somente se concretizará no momento<br />

em que o poder público, especialmente na Atenção à Saúde, compreenda<br />

que a diferença antecede o homem no tempo passado, presente e futuro, e que, de<br />

forma alguma, seja capaz de se tornar desigualdade pela invisibilização. Há de se<br />

indicar que o preconceito racial ainda estará nas relações sociais por longo tempo,<br />

mas como serviço de assistência, recuperação, promoção e atenção à saúde não<br />

deve restringir o acesso à saúde, tampouco preceder à vida.<br />

A inoperância da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra,<br />

assim como a invisibilidade da população afro-brasileira, é contundente, seja<br />

nos quilombos, seja nos espaços povoados por populações com características<br />

pretas e pardas. Mais uma vez, deve-se readmitir que, como saúde pública, essa<br />

política tem estado ausente no acesso à saúde da população <strong>negra</strong>, e que a iniquidade<br />

tornou-se parâmetro de saúde nos territórios remanescentes de quilombos.<br />

Por fim, lança-se uma interrogação sobre a existência e a efetividade da<br />

equidade e da integralidade no acesso à saúde da população <strong>negra</strong>. Entendese<br />

que essa indagação deve ser respondida pelo Estado com políticas públicas<br />

reais, que se debrucem sobre as peculiaridades de cada sujeito que acessa a<br />

saúde em cada um e em todos os territórios negros de Porto Alegre e do país.<br />

Referências bibliográficas<br />

ANJOS, José Carlos dos et al. As condições de raridade das comunidades quilombolas urbanas.<br />

Diversidade e proteção social: estudos quanti-qualitativos das populações de Porto Alegre: afrobrasileiros;<br />

coletivos indígenas; crianças, adolescentes e adultos em situação de rua; remanescentes<br />

de quilombos. Porto Alegre: Centhury, 2008.<br />

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Se-<br />

Saúde da População Negra<br />

219<br />

A Visão da Feminilidade sobre os cuidados<br />

em saúde dos Quilombos Contemporâneos

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