22.11.2012 Views

populacao negra

populacao negra

populacao negra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Introdução<br />

Por muito tempo, particularmente a informação estatística esteve<br />

envolta numa “cultura do silêncio”, que preferiu não perguntar a origem<br />

étnico-racial das pessoas por acreditar na premissa de que não evidenciaria<br />

desigualdades, pois se supunha que o Brasil vivenciava uma democracia racial<br />

e o contrário seriam fatos pontuais, individuais. Isso se nota também na<br />

formulação de políticas públicas de caráter universalista que parecem não<br />

ter sido sensíveis às necessidades específicas dos diferentes grupos (Torres-<br />

Parodi e Bolis, 2007), crendo-se que políticas gerais são capazes de dirimir<br />

iniquidades. No Brasil, apesar da tradição do Instituto Brasileiro de Geografia e<br />

Estatística (IBGE) em coletar dados estatísticos de raça/cor, é recente a experiência<br />

brasileira de coleta e análise de dados dos sistemas de informações em<br />

saúde com esse recorte analítico (Brasil, 2006, 2007). O movimento negro<br />

havia algum tempo, reivindicava a inclusão do quesito cor nas estatísticas oficiais<br />

de saúde no Brasil, fato que começou a se tornar realidade nos anos 1990<br />

(Giovanetti et al., 2007).<br />

A identificação das diferenças permite distinguir as necessidades concretas<br />

dos beneficiários, orientando a formulação de políticas públicas mais<br />

sensíveis às suas particularidades, seja de saúde ou segurança, enfocando a<br />

equidade – entendida como a superação das diferenças injustas e evitáveis –<br />

no acesso aos serviços e inclusão dos grupos mais vulneráveis nos processos<br />

de participação, particularmente no de prevenção.<br />

A omissão das instituições públicas em atender essas especificidades<br />

caracteriza o que se chama de discriminação institucional. Cabe<br />

diferenciá-lo do tipo de discriminação que ocorre na esfera interpessoal,<br />

distinguindo a discriminação que exercem os indivíduos, incluso<br />

quando prestam serviços, da omissão das instituições em adaptar a<br />

oferta de seus serviços às necessidades específicas dos beneficiários<br />

(Torres-Parodi e Bolis, 2007).<br />

A incorporação do quesito cor nos sistemas de informações de saúde<br />

possibilita evidenciar, mediante constatações empíricas, diferenciais raciais<br />

e vulnerabilidades produzidas no processo saúde-doença. Conhecer os perfis<br />

de morbimortalidade da população brasileira no que tange à autodeclaração<br />

Saúde da População Negra<br />

35<br />

O recorte étnico-racial nos sistemas de informações em<br />

saúde do Brasil: Potencialidades para a tomada de decisão

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!