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populacao negra

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quanto ideologia, o racismo foi sendo interiorizado pela sociedade num<br />

movimento compulsivo de institucionalização hegemônica, onde os negros<br />

são considerados ignorantes, indolentes, inferiores.<br />

Nesse contexto, o preconceito e a discriminação racial são manifestados<br />

por intermédio de comportamentos individuais e coletivos de repugnância,<br />

não aceitação e desfavorecimento dos indivíduos negros, que fazem com que<br />

estes experimentem progressivamente um processo de exclusão social, cultural,<br />

moral e de identidade.<br />

Associado ao medo, os pesares, a angústia e estresses acumulados pela<br />

violência física e simbólica durante quase quatro séculos de escravidão por<br />

qual passou a massa <strong>negra</strong>, este contingente populacional ainda enfrenta o<br />

resultado das estratégias políticas de controle social, a exemplo do ideal de<br />

branqueamento ou embranquecimento estimulado no final do século XIX<br />

como solução harmoniosa para o problema racial.<br />

Esse mecanismo incentivava a aglutinação das culturas <strong>negra</strong> e branca para<br />

a criação do mestiço ou o denominado “branco social”, tendo como meta a desaparição<br />

gradual dos negros por meio de sua absorção pela população branca, com<br />

o objetivo de desconstruir a identidade e cultura da população <strong>negra</strong> mediante<br />

um discurso de “democracia racial” (Maciel, 1997; Carone, 2002).<br />

Dessa forma, se oferece aos mestiços a ilusão de mobilidade e ascensão;<br />

enquanto aos pretos, as únicas possibilidades oferecidas são a exclusão e a<br />

negação de sua autoimagem. Analisar o ideal de branqueamento é enfocar<br />

um dos padrões fundamentais envolvidos na constituição das famílias de negros<br />

e mulatos, orientada em dois sentidos: integração e ascensão social.<br />

Ao espelhar-se no branco, o negro perde a representação de si mesmo,<br />

constituindo-se uma ameaça para si e seus semelhantes negros, porque tudo<br />

que lhe é familiar passa a ser visto como hostil e é projetado para fora, traduzindo<br />

o sentimento de insegurança, proveniente da fragilidade de autoafirmar-se.<br />

De negro passa a branco em todas as suas vicissitudes, pois se destituindo<br />

da condição de negro, sente-se branco e, portanto, como branco, pode<br />

hostilizar o outro que é negro obstinado à espoliação (Bento, 2002).<br />

Saúde da População Negra<br />

343<br />

Reflexões sobre a violência vivenciada<br />

por crianças e adolescentes negros

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