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populacao negra

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feminista internacional; internamente, as críticas de Florestan Fernandes ao<br />

mito da democracia racial, o novo sindicalismo brasileiro, a emergência de<br />

novos movimentos sociais urbanos e a Convergência Socialista – embrião do<br />

MNU (Domingues, 2007; Guimarães, 2001).<br />

A atuação do MNU voltou-se contra a discriminação racial, a violência<br />

e o desemprego, procurou fazer do termo “negro” uma designação positiva,<br />

referente aos descendentes de africanos e buscou resgatar a identidade étnica<br />

específica do negro a partir do que se poderia denominar “africanização”. O<br />

MNU tornou-se um movimento de vanguarda que buscou igualdade na diferença<br />

e a valorização de símbolos relacionados à cultura <strong>negra</strong>. O movimento<br />

negro desse período teceu críticas ao ideal de mestiçagem do Brasil, afirmando<br />

se tratar de “uma armadilha ideológica alienadora” que impedia a real<br />

identidade do negro no país. Portanto, as marcas desse período referem-se a<br />

reivindicações antirracistas mais diretas, com discursos mais contundentes,<br />

ações mais voltadas à política e à dimensão do poder e à construção de uma<br />

real identidade racial e cultural para o negro (Domingues, 2007).<br />

Ainda nos anos 1980, o movimento negro forjou uma doutrina importante<br />

para o período: o quilombismo – que aliava radicalismo cultural a radicalismo<br />

político e encabeçado por Abdias do Nascimento – teve suas bases<br />

sustentadas em duas influências: o afrocentrismo, dedicado a filiar os negros<br />

brasileiros a uma nação <strong>negra</strong> transnacional; e o marxismo, através de uma<br />

vertente ligada ao nacionalismo brasileiro.<br />

O movimento negro na conjuntura política atual conseguiu expandirse<br />

em entidades <strong>negra</strong>s independentes que têm se debruçado sobre ações<br />

em educação, saúde e direitos humanos, porém fundadas sobre diferentes<br />

bases ideológicas e políticas, expressas em entidades culturais, políticas<br />

e jurídicas, todas voltadas às lutas comuns contra o racismo. Nascimento<br />

(2008) aponta também a abertura de espaços no parlamento e nos partidos<br />

políticos, fornecendo as bases para a construção de políticas públicas<br />

para a população <strong>negra</strong> brasileira.<br />

De fato, o movimento negro recente trouxe para a cena brasileira uma<br />

agenda que alia política de reconhecimento (de diferenças raciais e<br />

culturais), política de identidade (racialismo e voto étnico), política<br />

Saúde da População Negra<br />

81<br />

O movimento negro na construção da política nacional de saúde<br />

integral da população <strong>negra</strong> e sua relação com o estado brasileiro

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