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populacao negra

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Introdução<br />

Organizou-se no país, em fins do século XX e início do século XXI, uma<br />

agenda voltada à saúde da população <strong>negra</strong>. Incorporaram-se categorias de<br />

identificação da população, raça, cor e etnia que, aliadas aos dados censitários<br />

e epidemiológicos, confirmaram injustiças e iniquidades em saúde de uma<br />

parcela da população brasileira e forçaram o Estado a conceber uma política<br />

pública, em consonância com o SUS: a Política Nacional de Saúde Integral da<br />

População Negra, com vistas à promoção da equidade racial em saúde.<br />

Essa política advém de um processo histórico reforçado por atuações de<br />

diversas organizações e movimentos sociais, em especial o movimento negro.<br />

Tais ações, voltadas à valorização da população <strong>negra</strong>, reivindicaram a inclusão<br />

e abordagem das questões raciais na saúde. Os documentos lançados<br />

nesse processo contribuíram para o estabelecimento de padrões de equidade<br />

étnico-racial na política de saúde do país e para o reconhecimento oficial, pelo<br />

Estado brasileiro, do racismo institucional nas instâncias do SUS.<br />

Entretanto, os insistentes dados de desigualdade segundo raça/cor e a<br />

realidade social brasileira, alicerçada nas bases da ideologia da mestiçagem<br />

racial e da igualdade entre os povos fundantes da nação, constituem um momento<br />

político que, apesar de propício às lutas em prol dos direitos humanos,<br />

avança lentamente sobre os dilemas sociorraciais do país. O mito da democracia<br />

racial ainda vigora – mesmo tendo sido descortinado por pesquisadores<br />

e estudiosos desde meados do século XX, através dos estudos fomentados<br />

pelo projeto da Unesco para análise das relações raciais (Maio, 2005) –, e,<br />

juntamente ao racismo que permeia a sociedade brasileira, compõe o cenário<br />

de fundo das disputas entre os diversos atores que pensam tal política.<br />

As ações públicas de saúde, tomando a dimensão da problemática<br />

das desigualdades raciais, se iniciam no Brasil na década de 1980, quando<br />

ativistas do movimento negro incluem essa temática nos âmbitos estadual<br />

e municipal. Tais ações se fortalecem a partir das reivindicações da Marcha<br />

Zumbi dos Palmares (1995), resultando na criação do Grupo de Trabalho Interministerial<br />

para Valorização da População Negra, seguido de conferências<br />

e seminários nacionais para inclusão da problemática racial na saúde (Brasil,<br />

2007; Batista e Kalckmann, 2005).<br />

Saúde da População Negra<br />

63<br />

O movimento negro na construção da política nacional de saúde<br />

integral da população <strong>negra</strong> e sua relação com o estado brasileiro

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