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populacao negra

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para a construção de uma nova esfera pública que possa atuar contra os mecanismos<br />

de exclusão presentes na sociedade brasileira.<br />

Enquanto grupos organizados sob determinadas lideranças e com<br />

princípios, objetivos e ideologia comuns, os movimentos sociais visam a<br />

um fim específico ou a uma mudança social (Scherer-Warren, 1987 apud<br />

Domingues, 2007). Grandes e populares movimentos sociais surgem na<br />

década de 1980, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra,<br />

e, na década seguinte, as ONGs vão ocupando cada vez mais espaço no<br />

cenário de luta por direitos e cidadania. Esses novos movimentos sociais<br />

contribuíram enormemente para o processo de redemocratização do país,<br />

pois os atores políticos em cena passaram a dialogar diretamente com a<br />

sociedade e o Estado, formando, nos dizeres de Francisco de Oliveira (1994<br />

apud Gohn, 2000) uma nova sociedade política.<br />

A análise de Gohn, a partir dos anos 1990, debruça-se sobre o recrudescimento<br />

dos grandes movimentos sociais e a ampliação das organizações não<br />

estatais, fundadoras de uma nova esfera pública não estatal. A autora aponta<br />

alguns elementos que podem explicar o suposto refluxo dos movimentos<br />

sociais, mas também, e especialmente, direciona o olhar para o novo formato<br />

que tais organizações sociais (em alguns casos presente também nos movimentos<br />

populares de luta) empreendem diante das relações com o Estado.<br />

Pode-se afirmar que há, de fato, maior interlocução com o Estado, pois os movimentos<br />

políticos passam a se organizar em grupos menores e cada vez mais<br />

institucionalizados, transformando o poder público estatal em mero repassador<br />

de recursos financeiros para as ações coletivas.<br />

A proposta teórica de Gohn auxilia no entendimento sobre a dinâmica<br />

de movimentação política dos atores e organizações sociais da saúde pública<br />

no Brasil, pois a possibilidade de maior interlocução com a administração<br />

pública e a passagem sistemática de atores políticos dos movimentos sociais<br />

para o Estado marcam o dinamismo das relações nesse campo. Além disso, o<br />

movimento negro brasileiro vem se organizando ao longo de sua história sob<br />

diferentes modos e objetivos, envolto atualmente por uma configuração muito<br />

próxima das organizações mais institucionalizadas, especialmente ONGs e<br />

centros culturais e de resistência.

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