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populacao negra

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Em estudo realizado por Carvalho (2002) e Camargo (2007) sobre a<br />

violência que atinge a população <strong>negra</strong>, esta afirmativa pôde ser percebida<br />

nos seguintes trechos de falas de adolescentes <strong>negra</strong>s: “Feição, não diz tudo.<br />

Mas... preto, eu não gosto. Eu não sou racista, mas preto eu não gosto. Gosto de<br />

qualquer pessoa preta, agora só que para namorar, aí eu não gosto, não (Ogum).”.<br />

Essa fala representa uma das consequências do desarranjo psíquico<br />

do branqueamento que faz com que indivíduos negros mantenham<br />

aspiração por relações conjugais com brancos, com o propósito de<br />

expurgar a cor <strong>negra</strong> das gerações seguintes, no desejo veemente pelo<br />

próprio extermínio étnico (Costa, 1983). “Sou morena escura... eu acho<br />

que sou morena. Sou morena... Eu queria ter cabelos longos, que eu acho bonito,<br />

assim batendo nas costas (Oxossi).”.<br />

Ter característica da raça branca é algo almejado principalmente por<br />

crianças e adolescentes negros, pois acreditam que assim serão mais bonitos<br />

e certamente mais aceitos em seu meio social negro. Ou seja, buscam com o<br />

branqueamento aceitação e ascensão social.<br />

Segundo Bento (2002), a internalização paulatina do desejo de ser branco<br />

dificulta no quotidiano de indivíduos negros o amor entre seus pares, em<br />

todos os tipos de relação, inclusive nas conjugais. Ao formular em seu self um<br />

projeto identificatório incompatível com o seu biótipo, cria um fosso relacional<br />

com o outro negro.<br />

Em contrapartida, sente-se rechaçado e inferiorizado pelo branco por intermédio<br />

das frequentes ações discriminatórias que vivencia direta ou indiretamente.<br />

Torna-se assim mais frágil emocionalmente, podendo desenvolver comportamentos<br />

antissociais na busca da aceitação pelo outro e por si mesmo.<br />

Enfocar grupos de crianças e adolescentes que vivenciam cotidianamente<br />

a violência estrutural 4 ou familiar, nos fez aceitar a prerrogativa que assevera:<br />

Das inibições, repressões e fracassos vividos por um grupo geram nele cargas<br />

de rancor que podem explodir, da mesma maneira que, em nível individual,<br />

4 A que tem origem na maneira que a sociedade se estrutura. Expressa-se pelo quadro<br />

de miséria, má distribuição de renda, exploração dos trabalhadores, crianças nas ruas, falta<br />

de condições mínimas para a vida digna, falta de assistência em educação e saúde.

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