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que Sandra achou do livro de Booker e se identificou nos personagens <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />
da vida real. Será que ela sabe para quem Booker o escreveu? De repente, ali com<br />
Oliver, tudo aquilo volta a parecer muito importante. Como encontrar uma<br />
migalha de pão depois de meses vagando a esmo na floresta e de repente lembrar<br />
onde pode encontrar o caminho para a saída, para um lugar seguro, nem que seja<br />
apen<strong>as</strong> em um conto de fad<strong>as</strong>. Nanette começa a pensar que sua vida é um conto<br />
de fad<strong>as</strong>, que contos de fad<strong>as</strong> são bem mais reais do que suspeitamos quando os<br />
lemos na infância.<br />
— Não pensei muito sobre Sandra ultimamente — diz Nanette. — Agora<br />
que você falou, Nanette talvez devesse p<strong>as</strong>sar lá…<br />
— A gente pode ir hoje à tarde.<br />
— Não tenho carro.<br />
— Eu tenho uma bicicleta. Você tem uma também. E temos pern<strong>as</strong> para<br />
pedalar!<br />
O otimismo deste garoto não tem fim, pensa Nanette, e se questiona se isso é<br />
bom ou ruim.<br />
Oliver e Nanette cruzam neve e gelo, o que descobrem ser tarefa lenta e<br />
hipotérmica. Ao chegarem à c<strong>as</strong>a de Sandra Tackett, estão com a calça ensopada<br />
e suja de neve. Nanette também molhou <strong>as</strong> mei<strong>as</strong>. Ela está com a boca azul,<br />
constata ao ver seu reflexo no vidro da porta.<br />
Eles tocam a campainha. Ficam chocados quando são atendidos por ninguém<br />
menos que Booker, apen<strong>as</strong> de camiseta e cueca, e ele imediatamente bate a porta<br />
na cara dos dois.<br />
— Esse é quem eu penso que é? — pergunta Oliver, porque nunca o<br />
conheceu pessoalmente, m<strong>as</strong> já viu fotos do suposto recluso escritor.<br />
— Hum… sim — responde Nanette, sorrindo de orelha a orelha. — Sem<br />
dúvida. E acho que não estava vestido, o que é muito interessante.<br />
— Isso significa que ele está pegando Sandra Tackett? — pergunta Oliver.<br />
— Muito provavelmente… — confirma Nanette.<br />
Depois de tocarem a campainha um<strong>as</strong> cinco vezes, Sandra aparece, vestindo<br />
um roupão japonês de seda — talvez um quimono?<br />
— Olá, crianç<strong>as</strong> — diz ela —, sinto dizer que chegaram em um momento<br />
inconveniente. Por onde andaram esse tempo todo? Terminei o livro faz<br />
seman<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> vocês nunca voltaram, e, bem, agora não podia ser um momento<br />
pior. Sinto muito, não posso falar agora.<br />
— Booker atendeu a porta alguns segundos atrás e estava de cueca — diz
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