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pelos padrões de hoje em dia. Segundo alguns sites, esse livro fala que precisamos<br />
ter algum<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong> sexuais marcantes para sentirmos que vivemos de<br />
verdade. Há quem o considere uma obra machista, pura fant<strong>as</strong>ia m<strong>as</strong>culina.<br />
— Por que Booker disse para você ler este poema? — perguntou Pequeno<br />
Lex.<br />
— Acho que não é só sobre sexo. É sobre o tempo, eu acho. Sobre aproveitar<br />
o momento, sobre deixar de viver cois<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> por causa de crenç<strong>as</strong> que não são<br />
su<strong>as</strong>.<br />
Depois disso, conversamos mais um pouco sobre O ceifador de chicletes e<br />
sobre o que Booker representava para nós, porque, no fundo, aquele homem<br />
envelhecido guardava uma tristeza equiparável à que o poema de Larkin<br />
transmite.<br />
Em algum momento durante aquela nossa primeira conversa no FaceTime,<br />
comecei a chamar meu novo amigo de Alex, em vez de Pequeno Lex, e ele não<br />
me corrigiu, o que me pareceu b<strong>as</strong>tante significativo depois de ler o que ele<br />
escrevera.<br />
Alex leu mais alguns poem<strong>as</strong> de Philip Larkin escolhidos na coletânea que<br />
Booker lhe enviara de presente pelo correio, e foi então que me toquei que<br />
aquele velho esperto sabia que Alex e eu entraríamos em contato depois do<br />
jantar. Por isso é que ele havia plantado “Annus Mirabilis” na minha cabeça,<br />
para que tivéssemos um bom <strong>as</strong>sunto a explorar. Booker sabia que eu iria atrás<br />
de qualquer coisa que me recomend<strong>as</strong>se ou mesmo mencion<strong>as</strong>se. Senti como se<br />
ele estivesse numa espécie de tabuleiro de xadrez jogando com o amor juvenil:<br />
nós éramos <strong>as</strong> peç<strong>as</strong>, e ele estava vencendo.<br />
Conversamos muito sobre um poema chamado “Janel<strong>as</strong> alt<strong>as</strong>”, que Alex leu<br />
para mim. A princípio, achei que também era sobre sexo, m<strong>as</strong> na verdade é sobre<br />
a possibilidade de não existir nenhum ser acima quando olhamos por uma<br />
janela, e talvez não exista Deus nem nada do tipo. Soa deprimente, m<strong>as</strong> Larkin<br />
transforma isso em algo bom e até belo, o que dá certo alívio.<br />
— Você acredita em Deus? — perguntei a Alex.<br />
— Não sei. E você?<br />
— Também não sei.<br />
E seguimos conversando sobre Deus também por um bom tempo,<br />
enumerando uma série de cois<strong>as</strong> que nos fazia querer acreditar, tais como o pôr<br />
do sol e os lírios e um bom chai com leite quente, e música indie, e incríveis<br />
demonstrações de altruísmo, além de literatura e cinema e poesia. E citamos
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