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estava conduzindo e que tentei ser normal, m<strong>as</strong> que no final d<strong>as</strong> cont<strong>as</strong> é difícil<br />
demais.<br />
Minha mãe limpa os cortes nos meus pés e me ajuda a tirar o vestido antes de<br />
me botar na banheira.<br />
Choro no mar de bolh<strong>as</strong> branc<strong>as</strong>, enquanto minha mãe p<strong>as</strong>sa uma esponja<br />
nos meus ombros, deixando a água morna deslizar pel<strong>as</strong> minh<strong>as</strong> cost<strong>as</strong>. Então<br />
sou deixada a sós, para poder chorar com privacidade.<br />
Choro por Alex.<br />
Choro por mim.<br />
Choro pelo fim da minha infância.<br />
Choro porque não acredito mais em heróis como Booker.<br />
M<strong>as</strong>, principalmente, choro porque estou cansada pra cacete.<br />
Depois do banho, tenho uma longa conversa com meus pais. Digo que não<br />
vou mais jogar futebol e que não tenho a menor ideia do que vou fazer quando<br />
terminar o colégio.<br />
— Preciso de um tempo para pensar — digo, e repito muit<strong>as</strong> vezes, até ter<br />
certeza de que entenderam que é sério.<br />
Quando termino o monólogo, meus pais se entreolham.<br />
O silêncio pesa no ar.<br />
Enfim, minha mãe diz:<br />
— Você voltou a falar na primeira pessoa?<br />
Eu não tinha percebido.<br />
— Eu… — digo, saboreando a palavra eu. — Acho que sim.<br />
— Por que hoje? — pergunta meu pai.<br />
Penso por um instante.<br />
— Porque está na hora de ser eu mesma.
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