You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Benatar.<br />
— Quem é Pat Benatar?<br />
— Agora me senti muito velha. Procure no iTunes, você vai gostar dela.<br />
— Está bem. M<strong>as</strong> Nanette não consegue parar de falar na terceira pessoa. E <strong>as</strong><br />
pesso<strong>as</strong> se incomodam com isso. Ela acha que é por isso que está gostando tanto<br />
de falar <strong>as</strong>sim. Quem sabe é uma nova tendência rebelde?<br />
— Ah, em algum momento você vai parar. Fique à vontade quando achar<br />
que é o momento. Você evoluiu muito, e acredito que o experimento pode ser<br />
considerado oficialmente um sucesso.<br />
— Por que você acha isso?<br />
— Primeiro, porque você está xingando menos. Segundo, porque seus pais a<br />
têm achado mais gentil no trato com eles. E você parece bem menos ansiosa.<br />
Também fez <strong>as</strong> pazes com Booker, tem mantido uma relação boa com Oliver. E<br />
não me perguntou mais se realmente trabalho ou se só sei “bater papo”, o que<br />
aprecio mais do que deveria, considerando que preciso ser neutra e objetiva.<br />
— O que Nanette vai fazer ano que vem, depois que terminar o colégio?<br />
— O que ela quiser fazer.<br />
— E se ela não tiver a menor ideia do que quer fazer?<br />
— Nesse c<strong>as</strong>o, é uma sorte que ela ainda seja jovem. Já vou citar Pat Benatar<br />
de novo: “Amor é um campo de batalha.” Na verdade, é raro que alguém saiba o<br />
que quer fazer quando é jovem. Talvez você esteja apen<strong>as</strong> sendo sincera.<br />
Nanette conta que talvez já tenha superado Alex, já que não pensa mais tanto<br />
nele.<br />
— E o menciona justo quando estamos falando sobre seu futuro. Isso me<br />
parece significativo.<br />
— Por quê?<br />
— Me diga você.<br />
Nanette não sabe dizer. Ela percebe a conexão inconsciente entre Alex e seu<br />
futuro, m<strong>as</strong> ele nunca mais mandou notíci<strong>as</strong>, o que ela sente que é ainda mais<br />
imperdoável do que a violência cometida por ele. Nanette escreveu uma carta,<br />
m<strong>as</strong> nunca a enviou, porque não sabia quem a leria se a envi<strong>as</strong>se para o<br />
reformatório.<br />
— Não tem problema amar uma pessoa imperfeita, que ainda tenha o que<br />
melhorar em si — diz June.<br />
Nanette diz que entende, observando pela janela a neve que cai devagar lá<br />
fora, m<strong>as</strong> não sabe se concorda.