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d<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>. Minha mãe nunca disse que estava orgulhosa por eu não ter saído<br />
com os garotos mais velhos nem expressou uma opinião desfavorável sobre<br />
Shannon, que estava sempre em nossa c<strong>as</strong>a e era claramente muito querida por<br />
minha mãe. El<strong>as</strong> conversavam muito sobre dic<strong>as</strong> de beleza. Foi quando entendi<br />
que não seguir o comportamento do grupo, mesmo que o comportamento<br />
envolvesse chupar uma porção de garotos mais velhos, dava a impressão de que<br />
eu era esquisita.<br />
Meu pai nunca disse uma palavra sobre o <strong>as</strong>sunto — que meus amigos<br />
chamaram de “escândalo sexual oral do fundamental”.<br />
É claro que Shannon me perguntou por que eu não tinha agido como el<strong>as</strong>.<br />
Fazia mais ou menos um mês que os p<strong>as</strong>seios sexuais haviam sido encerrados<br />
pelos pais d<strong>as</strong> garot<strong>as</strong>. Estávamos no quarto dela, e Shannon tinha bebido<br />
metade da garrafa de vodca barata sabor pêssego que ganhara de um dos garotos.<br />
— Você se acha melhor que a gente? — continuou ela, um pouco<br />
alcoolizada, e riu. — Só porque nunca se divertiu com um garoto? Ou é porque<br />
você não gosta de garotos?<br />
— Não quero falar sobre isso, tá bom?<br />
— Ótimo.<br />
Os boatos começaram a circular na escola no dia seguinte. Os garotos<br />
cobriam a boca com a mão e diziam discretamente: Sapatão.<br />
Era tudo muito ridículo e não menos deprimente.<br />
O curioso era que eu tinha certeza de que aqueles boatos tinham começado<br />
com Shannon, ou que, no mínimo, ela não tinha me defendido, mesmo sendo<br />
popular e capaz de fazê-los parar, m<strong>as</strong> continuei fingindo que estava tudo bem<br />
entre nós, e ela fez o mesmo. Nos jogos, Shannon me p<strong>as</strong>sava a bola no campo<br />
vári<strong>as</strong> vezes, e eu marcava muitos gols. Os treinadores e nossos pais diziam que<br />
éramos a dupla perfeita, e eu não queria estragar nossa “química dentro de<br />
campo”. Todos os adultos à nossa volta fingiam não reparar que Shannon<br />
sempre aparecia bêbada e estava com um garoto diferente a cada semana. Se bem<br />
que, para ser justa, a maioria do pessoal do colégio fazia a mesma coisa. O que eu<br />
sabia sobre aquilo? Talvez pagar boquete fosse um rito de p<strong>as</strong>sagem natural, uma<br />
atividade extracurricular proveitosa. Eu é que não sabia o que estava perdendo<br />
— eu era uma d<strong>as</strong> esquisiton<strong>as</strong>.<br />
A questão ali não era sexo. Eu não tinha nada contra sexo, queria fazer<br />
também, como todo mundo. O que me incomodava era ter que repetir o<br />
comportamento dos outros. Chupar os garotos porque tod<strong>as</strong> chupavam. Beber