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— Foi esse cara que me interrogou hoje — comentou Oliver, acenando.<br />
— Deixe-os entrar, Cheryl — ordenou o policial.<br />
A mulher fez cara feia, contrariada.<br />
— Por que ter norm<strong>as</strong> se você ignora tod<strong>as</strong>?<br />
— Almoço por minha conta hoje, que tal?<br />
— Você que sabe.<br />
Ouvimos um zunido, e a porta que nos separava do interior da delegacia se<br />
abriu. Fui apresentada ao policial, Damon, um homem de costelet<strong>as</strong> comprid<strong>as</strong> e<br />
fin<strong>as</strong> e um pequeno laço preto amarrado no polegar. Fomos levados a uma sala<br />
idêntica às que a gente vê n<strong>as</strong> séries, onde os criminosos são interrogados. As<br />
paredes, o teto, o chão: tudo era de cimento queimado, com a exceção de uma<br />
mesa de madeira e <strong>as</strong> quatro cadeir<strong>as</strong>. Não havia janela. Uma luz forte pendia da<br />
escuridão do teto alto. Só achei estranho que houvesse um frigobar no canto da<br />
sala.<br />
— É aqui que vocês dão uma dura nos criminosos? — perguntei. — Faz<br />
aquele jogo do policial bonzinho com o policial durão?<br />
— Não. Esta é a sala dos funcionários. É onde almoçamos. A gente não dá<br />
dura em ninguém aqui dentro. Duro é engolir a comida que servem para a<br />
gente.<br />
Ele abriu um sorriso largo que parecia genuíno.<br />
Apesar de tudo, consegui retribuir o sorriso. Gostei do cara.<br />
— Você é a namorada de Alex? — perguntou o policial.<br />
— Não gostamos de rótulos, m<strong>as</strong>, formalmente, digamos que sim, para<br />
facilitar a situação. Podemos vê-lo?<br />
— Alex queria ligar para você quando teve a chance, m<strong>as</strong>, como é menor de<br />
idade, precisamos entrar em contato com os pais dele. O pai já se encarregou da<br />
situação. M<strong>as</strong> eu dei seu número para Oliver e a mãe dele. Alex pediu que eu<br />
fizesse isso.<br />
— Ele só estava tentando me proteger daqueles garotos que batem em mim e<br />
quebram meus óculos — disse Oliver. — Isso não é crime. Já expliquei tudo<br />
hoje de manhã. Soltem Alex, por favor!<br />
— Tem razão, não é crime enfrentar garotos brigões — disse Damon. —<br />
Crime é agressão física. E sinto dizer que seu amigo está em maus lençóis. Vou<br />
deixar vocês conversarem, aproveitem para tentar botar algum juízo na cabeça<br />
dele. Queremos o melhor para todos. Estou começando a achar que ele está<br />
orgulhoso por ter sido preso, e isso não vai ser visto com bons olhos durante o