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não deve ser mencionado?<br />
— Não. Eu o <strong>as</strong>sustei — surpreendi a mim mesma em dizer.<br />
— O que você fez?<br />
— Não sei — menti, só então percebendo como era desconfortável aquele<br />
caminho em que eu tinha escolhido conduzir a conversa. Lex franziu a testa e<br />
inclinou a cabeça, sem entender. — Brincadeira.<br />
— Gostaram da comida? — perguntou Booker, mudando o <strong>as</strong>sunto mais<br />
uma vez, para me salvar.<br />
Pequeno Lex e eu nos r<strong>as</strong>gamos em elogios à refeição, embora estivesse fria e<br />
insossa. Ficamos empurrando o macarrão no prato e comemos só o pão, que<br />
estava quente, crocante e besuntado de manteiga. Então Booker foi para a<br />
cozinha lavar a louça, deixando Lex e eu com pequen<strong>as</strong> xícar<strong>as</strong> de café espresso à<br />
nossa frente, e <strong>as</strong> luzes estavam baix<strong>as</strong>, e os morangos com chocolate estavam na<br />
nossa barriga.<br />
— Quer dizer que você e Booker estão sempre juntos? — perguntou Pequeno<br />
Lex.<br />
— Ele é como o avô que eu nunca tive. Quer dizer, na verdade ainda tenho<br />
meus avôs, m<strong>as</strong> nunca encontro nenhum dos dois. E você e Booker?<br />
— Ele sempre me escreve. Tenho cento e quatro cart<strong>as</strong> em c<strong>as</strong>a, guardad<strong>as</strong><br />
numa caixa de sapato. Se eu junt<strong>as</strong>se tudo, daria para formar um segundo<br />
romance. M<strong>as</strong> fui proibido de mostrá-l<strong>as</strong> a alguém, é claro. Ele disse que eu<br />
“teria uma morte lenta e dolorosa se um dia quebr<strong>as</strong>se minha promessa sagrada”.<br />
Não duvido, ainda mais depois que ele me mandou fotos da sua coleção secreta<br />
de espad<strong>as</strong> samurai.<br />
Nós dois rimos.<br />
— Minha professora me deu o livro depois de um<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> chat<strong>as</strong> que<br />
aconteceram.<br />
Para não interrompê-lo, fiz uma nota mental para perguntar o que tinham<br />
sido <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> chat<strong>as</strong>. A cafeína estava fazendo Lex falar mais e mais rápido.<br />
— Quando fui comentar que tinha gostado, ela me disse para escrever para<br />
Booker, e a partir daí p<strong>as</strong>samos a trocar cart<strong>as</strong> qu<strong>as</strong>e toda semana. — Ele olhou<br />
de relance para a porta da cozinha e baixou a voz para continuar: — Fiquei meio<br />
receoso no início, com medo de que ele quisesse alguma coisa, porque que graça<br />
tem perder tempo escrevendo para um garoto como eu? Se bem que eu nem<br />
sabia o que ele poderia querer. Hoje em dia, acho que Booker é só um velho que<br />
se sente muito sozinho. Talvez não fizesse diferença quem estava escrevendo, ele
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