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fadada a ser igual aos seus pais. Você pode quebrar o ciclo. Pode ser quem você<br />
quiser. M<strong>as</strong> vai pagar um preço por isso. Seus pais e outros ao seu redor vão<br />
puni-la c<strong>as</strong>o escolha ser você mesma e não como eles. É o preço da sua liberdade.<br />
A gaiola está aberta, m<strong>as</strong> todo mundo tem muito medo de sair, porque quem<br />
tenta, leva uma pancada, e é uma pancada e tanto. Eles querem que você sinta<br />
medo, que fique na gaiola. No entanto, depois de alguns p<strong>as</strong>sos fora dali, eles<br />
não a alcançam mais, e por isso você já não leva mais pancada. Outro segredo:<br />
eles não vão atrás de você porque também têm medo. Eles amam <strong>as</strong> gaiol<strong>as</strong>.<br />
Cheguei a abrir a boca para defender meus pais, porque são pesso<strong>as</strong> muito<br />
bo<strong>as</strong> e eu não queria que Booker acredit<strong>as</strong>se que eles me agrediam, mesmo que<br />
metaforicamente. Não sei dizer por que não saiu nada da minha boca. Aquela<br />
tarde havia ganhado intensidade rápido demais.<br />
— Você me parece uma jovem estranha e solitária, Nanette O’Hare. Eu sou<br />
um velho estranho e solitário. Pesso<strong>as</strong> estranh<strong>as</strong> e solitári<strong>as</strong> precisam um<strong>as</strong> d<strong>as</strong><br />
outr<strong>as</strong>. Então, vamos direto ao ponto. — Ele sorriu. Tomou mais um gole de<br />
café. E disse <strong>as</strong> quatro palavr<strong>as</strong> que mudariam minha vida para sempre: — Quer<br />
ser minha amiga?<br />
Fiz que sim com uma empolgação meio excessiva, e fiquei chocada ao me<br />
descobrir emocionada.<br />
— Olhe, eu jamais, sob hipótese alguma, falo sobre O ceifador de chicletes<br />
com meus amigos. Assim que oficializarmos nossa amizade, será o fim. Jamais<br />
falaremos sobre Wrigley, Ted Improdutivo, <strong>as</strong> gême<strong>as</strong> Thatch nem nada do<br />
livro. Entendido?<br />
Ainda restava uma pergunta na lista. Talvez para não cair no choro,<br />
perguntei:<br />
— Então, antes de sermos amigos… Li na internet que você recebeu<br />
propost<strong>as</strong> de muit<strong>as</strong> editor<strong>as</strong> para relançar o livro e que rejeitou tod<strong>as</strong>. É<br />
verdade?<br />
— Sim.<br />
— Por quê?<br />
— Porque sou o detentor dos direitos autorais e posso fazer o que eu quiser<br />
com meu livro. E escolhi desistir de publicar. Tomei essa decisão há muito<br />
tempo. O ceifador de chicletes foi o maior erro que cometi na minha vida.<br />
— Você desistiu… como Wrigley?<br />
— Sim! Agora podemos encerrar esse papo literário e sermos amigos de uma<br />
vez? Amigos de verdade são melhores que livros! Melhores que peç<strong>as</strong> de