Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
nenhum dos garotos. De acordo com noss<strong>as</strong> cont<strong>as</strong>, havia três candidatos. Eu sei<br />
porque era a única pessoa que sabia da gravidez, e Shannon me contava tudo.<br />
Fazia oito seman<strong>as</strong> desde sua última menstruação, qu<strong>as</strong>e dois meses vivendo<br />
apavorada em segredo. Ela chorou descontroladamente quando me contou.<br />
Viramos uma noite do fim de semana fazendo uma lista de prós e contr<strong>as</strong> para<br />
ajudá-la a decidir se abortaria ou não. No dia seguinte, ela havia decidido<br />
“interromper a gravidez”, e fomos até a cozinha mostrar os testes para su<strong>as</strong> du<strong>as</strong><br />
mães.<br />
A mãe biológica de Shannon teve um surto histérico, gritando com Shannon<br />
não pela gravidez em si, m<strong>as</strong> por ela ter “permitido” que acontecesse.<br />
Já a madr<strong>as</strong>ta dela, Joyce, se manteve mais calma.<br />
— El<strong>as</strong> até fizeram uma lista de prós e contr<strong>as</strong> — argumentou Joyce com a<br />
esposa. — Quant<strong>as</strong> garot<strong>as</strong> se preparam tão bem para uma conversa dessa?<br />
M<strong>as</strong> Shannon já estava aos prantos, enquanto eu olhava fixamente para<br />
minh<strong>as</strong> mãos.<br />
Fui com Shannon e su<strong>as</strong> mães à clínica de aborto, onde descobrimos que<br />
Shannon havia sofrido um “aborto espontâneo” sem sentir — aparentemente, o<br />
coração minúsculo de um bebê em formação pode parar de bater sem motivo<br />
específico —, o que tod<strong>as</strong> acharam uma “bênção”, então fomos jantar em um<br />
refinado restaurante francês chamado Parc e nunca mais se tocou no <strong>as</strong>sunto.<br />
Shannon começou a tomar anticoncepcional e não parava de dizer que eu<br />
deveria fazer o mesmo. E eu nem tinha vida sexual.<br />
Era engraçado que no início de cada temporada de campeonatos fôssemos<br />
obrigad<strong>as</strong> a <strong>as</strong>sinar um contrato nos comprometendo a não beber, não usar<br />
drog<strong>as</strong> e não fumar, m<strong>as</strong> qu<strong>as</strong>e todos os atlet<strong>as</strong> do colégio quebravam ess<strong>as</strong> regr<strong>as</strong><br />
regularmente e zombavam de mim por levá-l<strong>as</strong> a sério, sem saber dos drinques<br />
que eu tomava com minha mãe aos domingos.<br />
Meu pai me disse certa vez que bebia cerveja no colégio. Ele comentou: “Não<br />
tem nada errado em beber uma ou du<strong>as</strong> cervej<strong>as</strong>. É só evitar cois<strong>as</strong> pesad<strong>as</strong>,<br />
entendeu?” Eu sabia que ele estava me dando permissão para beber, m<strong>as</strong> aquilo<br />
não mudava nada para mim. Eu não fazia questão de beber e não gostava d<strong>as</strong><br />
fest<strong>as</strong> em que Shannon ficava tão louca que mal conseguia andar e acabava<br />
transando na cama dos pais do anfitrião.<br />
Achava tudo aquilo muito deprimente.<br />
Quando eu tentava falar com o sr. Graves sobre o <strong>as</strong>sunto, ele dizia que não<br />
queria saber daquilo e tapava os ouvidos, e <strong>as</strong>sim percebi que ele não podia fazer