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REVISTA VIII.qxp - Eixo Atlantico

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PÓS-NACIONALIDADE EM DEFESA DO POTENCIAL COSMOPOLITA DO ESTADO<br />

pós-nacionalidade não surge como qualidade que adjectiva o nível<br />

espacial a que a cidadania se refere (trans-estatal, supra-estatal); surge<br />

antes como qualidade que adjectiva a lógica assumida na condução das<br />

relações Estado-sociedade. Ou seja, apresenta-se como uma condição de<br />

cosmopolitismo da própria praxis política e social de uma sociedade<br />

organizada em Estado.<br />

Palavras-chave: Pós-nacionalidade; Estado; cosmopolitismo; cidadania.<br />

Introdução<br />

Este texto pauta-se desde logo pelo reconhecimento da Europa como<br />

o locus histórico da criação do Estado Moderno nacional. Neste, a relação forjada<br />

entre dois conceitos conceptualmente distintos, nacionalidade e cidadania,<br />

tornou-se de tal forma bem sucedida que originou uma complexa sinonímia<br />

da qual a fórmula da cidadania nacional é a sua máxima expressão. Esta<br />

nota é importante uma vez que o que aqui diremos sobre cidadania pós-nacional<br />

poderá ter pouco sentido à luz de tradições nas quais a relação da cidadania<br />

e da nacionalidade se comporta de forma diferente à encontrada no contexto<br />

europeu 1 .<br />

Em segundo lugar, este texto orienta-se pela rejeição de qualquer posição<br />

dogmática que assuma as actuais definições de cidadania pós-nacional como<br />

definitivas. Na verdade, o que existe são apenas variações interpretativas sobre<br />

um conceito ainda bastante flexível na forma como diferentes discursos o<br />

podem apropriar, seja para traduzir realidades empíricas, seja para traduzir<br />

1.<br />

De modo algum se pretende aqui descurar a enorme variedade de tradições europeias,<br />

fundadas sobre profundas fracturas que marcam inclusivamente a pluralidade da vida<br />

politica e partidária tal como hoje a conhecemos no espaço europeu (ROKKAN,<br />

1970, LIPSET E ROKKAN, 1967, DELLA PORTA, 2003). Pretende-se apenas<br />

sublinhar um traço que, não obstante a variedade de tradições que o acompanha, se<br />

apresenta como um dos mais identificadores da moderna cultura europeia (HABER-<br />

MAS, 1994), aquilo a que BRUBAKER, (1996) chama de “tradição nacional europeia”:<br />

a construção do Estado-nação e a consequente arquitectura da cidadania na base<br />

da ideia de filiação nacional.<br />

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