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Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia

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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 99<br />

Krüger3 30 Mas quando se trata de questões de princípio, não há nenhum<br />

“de certo modo”; o que percepcionamos na natureza ou é ou não<br />

é música. O momento decisivo só pode estabelecer - se na mensurabili<strong>da</strong>de<br />

do som. Hand põe em to<strong>da</strong> a parte a ênfase na “animação<br />

espiritual”, "na expressão <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> interior, <strong>da</strong> sensação interna", "na<br />

força <strong>da</strong> auto - activi<strong>da</strong>de com que o íntimo chega directamente à expressão".<br />

Segundo este princípio, haveria que chamar música ao canto <strong>da</strong>s aves,<br />

mas não à caixa de música mecânica – quando é ver<strong>da</strong>deiro justamente<br />

o contrário.<br />

A “música” <strong>da</strong> natureza e a arte sonora do homem são dois âmbitos<br />

distintos. A transição <strong>da</strong> primeira <strong>para</strong> a segun<strong>da</strong> faz - se através <strong>da</strong><br />

matemática. Frase importante e de múltiplas consequências. Não há<br />

decerto que pensá - la como se o homem tivesse ordenado os sons mediante<br />

cálculos intencionalmente empregues; tal aconteceu antes mediante<br />

a aplicação inconsciente de originárias representações de grandeza<br />

e relação, por meio de um medir e contar oculto, cuja regulari<strong>da</strong>de a<br />

ciência só mais tarde constatou.<br />

Visto que na música tudo deve ser comensurável, mas nos sons naturais<br />

na<strong>da</strong> é comensurável, os dois reinos sonoros surgem justapostos,<br />

sem mediação. A natureza não nos fornece o material artístico de um<br />

sistema tonal pronto e preestabelecido, mas apenas a matéria - prima<br />

dos corpos que pomos ao serviço <strong>da</strong> música. Importantes não são as<br />

vozes dos animais, mas as suas tripas, e o animal a que a música mais<br />

deve não é o rouxinol, mas a ovelha.<br />

Após esta in<strong>da</strong>gação que era somente uma substrutura, se bem que<br />

necessária, <strong>para</strong> a relação do musicalmente belo, demos um passo mais,<br />

elevando - nos ao domínio estético.<br />

O som mensurável e o sistema sonoro ordenado são só aquilo com<br />

que o compositor trabalha, não o que ele produz. Assim como a madeira<br />

e o metal eram só “material” <strong>para</strong> o som, assim o som é somente<br />

“material” <strong>para</strong> a música. Existe ain<strong>da</strong> um terceiro e superior significado<br />

do conceito de “material”, material no sentido do objecto tratado,<br />

30 Beiträge für Leben und Wissenschaft der Tonkunst , p. 149 ss.<br />

www.lusosofia.net<br />

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