Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia
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92 Eduard Hanslick<br />
tural, não uma obra de arte humana, portanto nunca concebe a música<br />
a não ser de um modo puramente fenomenológico. Bettina chama<br />
“música” e “musical” a uma infini<strong>da</strong>de de fenómenos que só têm com<br />
ela em comum este ou aquele elemento: eufonia, ritmo, excitação do<br />
sentimento. Estes factores não têm importância alguma, mas só interessa<br />
o modo específico de eles aparecerem na configuração artística<br />
como arte dos sons. É evidente que a <strong>da</strong>ma embriaga<strong>da</strong> de música vê<br />
em Goethe, mais ain<strong>da</strong> em Cristo, grandes músicos, embora do último<br />
ninguém saiba que ele foi tal, e todos sabemos do primeiro que não o<br />
foi.<br />
Respeitamos o direito <strong>da</strong>s culturas e formações históricas e <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de<br />
poética. Compreendemos porque é que Aristófanes, nas Vespas,<br />
chama a um espírito de refina<strong>da</strong> cultura “o sábio e musical” (sofòn kaì<br />
musikòn) e achamos bonita a expressão do conde Reinhardt, segundo<br />
a qual Oehlenschläger teria “olhos musicais”. Mas as considerações<br />
científicas nunca devem atribuir à música nem pressupor a seu respeito<br />
outros conceitos que não sejam estritamente estéticos, se é que não se<br />
há-de renunciar a to<strong>da</strong> a esperança do futuro estabelecimento desta ciência<br />
cambaleante.<br />
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