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Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia

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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 97<br />

Designa apenas um resultado do devir em contraste com algo que foi<br />

criado.<br />

Hauptmann esquece isto ao designar como “inteiramente vão” o<br />

conceito de um sistema tonal artificial, ”pois os músicos não conseguiram<br />

determinar intervalos nem inventar um sistema tonal, <strong>da</strong> mesma<br />

forma que os filólogos não inventaram as palavras <strong>da</strong> linguagem nem<br />

o idioma”2 M. Hauptmann, Die Natur der Harmonik und Metrik, l853,<br />

Lípsia, Breitkopf und Härtel, p. 7. A língua é justamente, no mesmo<br />

sentido que a música, um produto artificial, porque ambas não se encontram<br />

preforma<strong>da</strong>s na natureza externa, mas tiveram de ser inventa<strong>da</strong>s<br />

e aprendi<strong>da</strong>s. Não são os filólogos, mas as nações que constituem<br />

<strong>para</strong> si a sua língua, segundo o seu carácter e a sua necessi<strong>da</strong>de, modificando<br />

- a sem cessar em vista de uma perfeição maior. Também<br />

não foram os "eruditos musicais"que “fun<strong>da</strong>ram” a nossa música, mas<br />

apenas fixaram e fun<strong>da</strong>mentaram o que o espírito comum, musicalmente<br />

capaz, ideou de um modo inconsciente com racionali<strong>da</strong>de, mas<br />

não com necessi<strong>da</strong>de 28 . Deste processo depreende- se que também o<br />

nosso sistema tonal experimentará, no decurso do tempo, novos enriquecimentos<br />

e novas transformações. No entanto, no âmbito <strong>da</strong>s leis<br />

actuais, são ain<strong>da</strong> possíveis evoluções tão varia<strong>da</strong>s e grandes que se<br />

afigura muito longínqua uma alteração na essência do sistema. Se este<br />

enriquecimento consistisse, por exemplo, na “emancipação do quarto<br />

de tom”, de que uma moderna escritora pretende já encontrar indícios<br />

na obra de Chopin 29 a teoria, a doutrina <strong>da</strong> composição e a estética<br />

<strong>da</strong> música de todo se transformariam. O teórico musical não pode, portanto,<br />

conservar hoje a livre perspectiva desse futuro a não ser mediante<br />

o simples reconhecimento <strong>da</strong> sua possibili<strong>da</strong>de.<br />

À nossa observação de que não existe música alguma na natureza<br />

opor - se - á a riqueza de múltiplas vozes que tão maravilhosamente<br />

28 A nossa opinião concor<strong>da</strong> com as investigações de Jacob Grimm que, entre<br />

outras coisas, insinua: quem chegou à convicção de que a linguagem foi uma livre<br />

invenção dos homens também não duvi<strong>da</strong>rá quanto à fonte <strong>da</strong> poesia e <strong>da</strong> música.”<br />

(Ursprung der Sprache 1852).<br />

29 Johanna Kinkel, Acht Briefe über Clavierunterricht, 1852, Cotta.<br />

www.lusosofia.net<br />

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