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Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia

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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 65<br />

facto apenas histórico ou biográfico. A consideração estética não pode<br />

apoiar-se em circunstância alguma que resi<strong>da</strong> fora <strong>da</strong> obra de arte.<br />

Ain<strong>da</strong> que a individuali<strong>da</strong>de do compositor encontre decerto uma<br />

expressão simbólica nas suas obras, seria um erro pretender deduzir<br />

desse momento pessoal conceitos que encontram a sua ver<strong>da</strong>deira fun<strong>da</strong>mentação<br />

somente na objectivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> modelagem artística. Entre<br />

eles conta-se o conceito de estilo 12 .<br />

Gostaríamos que o estilo na arte sonora se considerasse a partir do<br />

ângulo <strong>da</strong>s suas determinantes musicais, como a técnica perfeita, como<br />

ela aparece enquanto hábito na expressão do pensamento criador. O<br />

mestre revela “estilo” quando, ao realizar a ideia claramente concebi<strong>da</strong>,<br />

suprime tudo o que é mesquinho, inconveniente, trivial, conservando<br />

assim uniformemente em ca<strong>da</strong> pormenor técnico a atitude artística do<br />

todo. Empregaríamos de um modo absoluto com Vischer (Aesthetik<br />

§527), também na música o termo de “estilo”, e diríamos, abstraindo<br />

<strong>da</strong>s divisões históricas ou individuais: este compositor tem estilo, no<br />

sentido em que se diz de alguém que tem carácter.<br />

O aspecto arquitectónico do belo musical vem claramente <strong>para</strong> primeiro<br />

plano na questão do estilo. <strong>Um</strong>a legali<strong>da</strong>de superior, diversa<br />

<strong>da</strong> simples proporção, será <strong>da</strong>nifica<strong>da</strong> pelo estilo de uma peça musical<br />

por meio de um único compasso que, embora em si irrepreensível, se<br />

não harmoniza com a expressão do todo. Tal como a um arabesco inadequado<br />

num edifício, declaramos como falha de estilo uma cadência<br />

ou modulação que se aparta como inconsequência <strong>da</strong> realização unitária<br />

<strong>da</strong> ideia básica. Nägeli demonstrou uma perspectiva extremamente<br />

correcta quando, em algumas obras instrumentais de Mozart, revelou<br />

“faltas de estilo” e partiu, <strong>para</strong> isso, não do carácter do compositor,<br />

mas de determinações objectivamente musicais, sem decerto explicar<br />

ou fun<strong>da</strong>mentar o próprio conceito.<br />

12 Forkel engana-se, pois, ao deduzir os diferentes estilos musicais <strong>da</strong>s “diversas<br />

maneiras de pensar”; o estilo de ca<strong>da</strong> compositor teria assim o seu fun<strong>da</strong>mento no<br />

facto de que "o homem exaltado, enfático, frio, infantil e pe<strong>da</strong>nte, introduz na conexão<br />

<strong>da</strong>s suas ideias uma pompa e ênfase insuportável, ou é glacial e afectado”.<br />

(Theorie der Musik 1777, p. 23.).<br />

www.lusosofia.net<br />

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